ARGENTINA – 4
A BANCARROTA
Após campanha violenta e repressiva, Perón ganhou as eleições com 52,4% dos votos tendo casado com Eva Duarte dias antes da «subida ao trono». Sim, fora ela a obreira da grande mobilização das massas populares sendo compensada não só com o casamento mas também com a gestão do orçamento social como se essa função fosse natural numa «dona de casa» não especificamente mandatada (nem habilitada) para o efeito.
Na presidência, já pensando na questão das Malvinas, Perón aplicou o plano económico chamado "nação em armas" ao abrigo do qual o país deveria estar preparado para a guerra no limite das suas capacidades. Assim foi que o orçamento militar subiu de 27% em 1942 para 50% em 1946 e sempre em crescendo até...
Com vista à redução dos interesses estrangeiros (ingleses, sobretudo), durante os 6 anos em que neste primeiro mandato se manteve no Poder, nacionalizou a rede ferroviária, a produção de gás, o Banco Central, a rádio e algumas companhias de electricidade; promoveu a substituição de importações por produções nacionais no âmbito daquilo que ficou conhecido como «industrialização forçada»; deu aos trabalhadores diversos benefícios tais como o 13º mês, reforçou a folga semanal, reduziu o número de horas da jornada laboral e aumentou em 33% o salário mínimo, tudo significando um aumento geral de 70% no custo da mão-de-obra.
É claro que a economia do país não aguentou tanta mudança e entrou em recessão.
Com medo dos despedimentos em massa pelo aumento do salário, a lei do trabalho foi alterada dificultando seriamente os despedimentos e os trabalhadores passaram a sentir-se imunes à perda do emprego fazendo disparar a taxa de absentismo. O duplo emprego em horários coincidentes passou a ser coisa frequente. Com o aumento dos salários o consumo aumentou muito e, sem capacidade para abastecer a procura, a inflação disparou e o custo de vida cresceu 68% num único ano. Perante tão grandes alterações nos custos, as falências começaram a ser frequentes e entre 1946 e 1950 fecharam 3.316 fábricas.
Onde é que nós, portugueses, já vimos isto?
Por incrível que possa parecer, Perón foi reeleito em 1951, modificando tardiamente algumas das políticas mas em 1952 Evita morre e Perón foi afastado do cargo por um golpe militar cujo objectivo aparente era o de tentar evitar a bancarrota.
Seria este o fim da demagogia argentina?
(continua)