"THE POWER AND THE GLORY"
Foi na minha juventude que "The power and the glory" me chegou numa tradução francesa que me não deu o prazer por que eu esperava. Vou ter que o reler no original ou numa tradução portuguesa; os tradutores portugueses têm tido um trabalho notável.
Diz-se que, de toda a língua inglesa, é o romance mais lido no século XX mas diz-se tanta coisa...
Sei que tudo resultou de uma viagem que Graham Greene fez ao México – a Tabasco e Chiapas – para conhecer a perseguição religiosa que por ali acontecera nos anos vinte por ordem de Plutarco Callas.
Lembro-me que o enredo se refere aos dramas de um padre católico que continuava na região. Perseguido pela polícia, não era herói nem santo e vivia na clandestinidade com a certeza de ser um pecador por ter uma filha mas, destruído pela bebida, perseguido e fraco, para ele a fé era uma certeza que não se deixava limitar pelas misérias do mundo e que conduzia o crente ao poder e à glória.
A matéria histórica de Tabasco e Chiapas está pormenorizadamente relatada por vários sítios e para a conhecer não é hoje necessário sair de casa pois a Internet dá-nos informação de sobra. E fá-lo em todas as perspectivas – a dos perseguidores e a dos perseguidos – o que nos permite imaginar as «coisas» pelos vários lados.
Não é, pois, para conhecer a História que vou reler o livro; é para ter o prazer literário que me lembro não ter tido com a tradução francesa.
Mas é também para me aproximar da questão psicológica da figura central do enredo para quem todas as misérias mundanas são afinal ultrapassadas pela fé. E a questão vai ser a de saber se por causa da fé aquele farrapo conseguia continuar no vício ou se só a fé o fazia transportar a cenários virtuais de poder e de glória que, na realidade, não possuía. Vícios apesar da fé ou vícios por causa da fé?
Mas, para já, dá para imaginar a desgraça de quem tem vícios e não tem fé.
Vou ler, já volto...
Henrique Salles da Fonseca