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A bem da Nação

Ao amigo Henrique Salles

 (*)

 

Embora não seja um dos mais afamados romancista brasileiros, Bernardo Guimarães, autor de A Escrava Isaura, que virou telenovela, teve como qualidade descrever com muita vivacidade os costumes do interior brasileiro do século XIX., onde viveu. No "O batuque" temos um bom tomo da sua obra

 

O batuque (Extraído do Ermitão de Muquém, Bernardo Guimarães)

 

Todo esse rumor e vozerias partiam de uma casa térrea, porém espaçosa, propriedade de mestre Mateus, velho caboclo, ferreiro de nomeada, o qual nessa noite reunia em sua casa a mais luzida rapaziada da vila e da roça, e as mais bonitas raparigas do lugar, a fim de festejar com batuque e folgança os anos de uma de suas filhas, para o que tinha obtido licença expressa do juiz ordinário. Mestre Mateus era um bom velho, de costumes pacíficos, benquisto, alegre e amigo de folgar. Nada havia pois de recear de um tal folguedo, sendo feito em sua casa, que nunca foi teatro de desordens.

 

Em uma grande sala alumiada por algumas candeias de ferro espetadas nas paredes, e cuja mobília consistia em bancos, tamboretes, caixas, catres e cepos semeados em desordens em roda da sala, estava a grande roda dos dançadores. Eram guapos rapagões em trajos domingueiros, porém muito à fresca em razão do imenso calor que faz naquela terra, uns em mangas de camisa, outros descalços, porém todos de chapéu na cabeça, cigarros na boca ou na orelha, e uma comprida faca na cintura.

 

Quanto às raparigas, como sempre se nota nesses folguedos, havia grande variedade de cores e de figuras. Ao par de uma branca de longos cabelos castanhos ou louros sapateava a crioula de trunfa encarapinhada; junto de uma Megera desgrenhada e titubeante linda mulata de olhos húmidos e lascivos se bamboleava airosamente enfunando as amplas saias de seu vestido branco ou cor-de-rosa. Entre muitas papudas, feias e desenxabidas viam-se algumas bonitas e roliças caboclas, cor de rola, de cabelo negro e corrido, e de olhos brilhantes como carbúnculos. Brilhava-lhes com profusão no pescoço o fino ouro extraído das ricas minas de Goiás, em rosários, cordões, caixilhos, medalhas que lhes ocultavam quase completamente o seio.

 

Um abraço

 

 Maria Eduarda

 

(*)http://www.google.pt/imgres?q=escrava+isaura&um=1&hl=pt-PT&sa=N&biw=1024&bih=735&tbm=isch&tbnid=344Rkm5Y381-iM:&imgrefurl=http://www.scielo.br/scielo.php%3Fpid%3DS0104-59702000000300009%26script%3Dsci_arttext&docid=Cy3_nTE0SMKMRM&imgurl=http://www.scielo.br/img/fbpe/hcsm/v7n2/v7n2a08f02.jpg&w=372&h=550&ei=STo2T6uUJ6aR0AXqhMmtAg&zoom=1&iact=hc&vpx=705&vpy=302&dur=3614&hovh=273&hovw=185&tx=110&ty=136&sig=109573699884915906692&page=13&tbnh=172&tbnw=116&start=216&ndsp=19&ved=1t:429,r:8,s:216

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