QUE ENSINO PARA PORTUGAL?
Liceu Pedro Nunes, Lisboa
Os parâmetros propostos no texto “A essência do progresso, 9” de Salles da Fonseca, para um ensino sério, de facto, parecem tão evidentes que dificilmente deverão ser contestados: a gratuitidade do ensino oficial, a alfabetização maciça do mundo adulto – (com o consequente aumento dos níveis de empregabilidade docente, o que seria excelente, para um país a esfarrapar-se).
Em caso de falhanço no ensino generalista, optar pela via profissionalizante mas com critérios de exigência e de rigor, como preparação para a cidadania e respeito pelo trabalho, e mesmo para uma continuidade possível no estudo, em termos de seguimento em cursos superiores, como se fazia dantes com as Secções Preparatórias dos Ensinos Técnicos.
Cremos que o rigor na disciplina exige meios drásticos e uma chamada à responsabilização das famílias, ao invés de se apaparicarem os meninos com os falsos conceitos de uma liberdade, fraternidade e igualdade que não são mais do que abertura para a licenciosidade e a perversão, com o desrespeito pelas normas e o desinteresse pelas matérias do saber, sem o que, a não ser invertido o processo, jamais viveremos numa sociedade construtiva de gente competente e disciplinada.
Quanto ao sentido de Escola, creio que se põe demasiado em causa o papel do professor, na tola pretensão de minimizar o seu trabalho pela relevância dada actualmente aos saberes dos alunos, que muitas vezes trazem como consequência a desestabilização, o desinteresse, o vazio, o ruído e a perda de tempo, que seria mais bem utilizado na exploração e orientação feita pelo professor, com o
auxílio dos seus materiais de apoio esclarecedores e a intervenção dos alunos quando solicitados ou quando o desejo de saber os levasse a participar. Naturalmente que ao papel da Instrução se aliará o da Educação que a Escola não deve minimizar, mas que não pode sobrepor ao objectivo fundamental de abrir caminhos culturais.
Ideal seria que tais condicionalismos no acesso às profissões se não fizessem sentir, desde que as provas dadas pelos formados fossem suficientemente explícitas de valor pedagógico e científico positivos, descontados, evidentemente, os factores exteriores de influência negativa, tantas vezes castradores das actuações docentes.
Berta Brás