A ESSÊNCIA DO PROGRESSO -7
Depois de séculos em que a massificação da instrução não foi a política oficial, fez-se (correctamente, a meu ver) essa massificação nos grupos etários mais baixos pelo que se chegou à situação actual em que as crianças vão à escola e ponto final, é matéria sem discussão.
Será?
Como se comportam as minorias imigrantes? O que dizer das comunidades ciganas? Serão os ucranianos comparáveis aos bósnios? Terão os moldavos a mesma atitude que os russos? Quem está cá de passagem? Quem está cá para ficar? E como se comportarão os minhotos no meio desta algazarra toda? Será que – nós, os portugueses médios – nos continuaremos a interessar mais pelas férias do que pelo exercício duma profissão que contribua para o efectivo progresso da comunidade em que nos inserimos?
Consideremos o cenário português do ano lectivo 2012-2012, a distribuição dos estudantes por grandes áreas foi como segue:
Educação – 3%
Artes e Humanidades – 11
Ciências Sociais, Comércio, Direito – 29
Ciências, Matemática e Informática – 9
Engenharia, Indústria Transformadora, Construção – 21
Agricultura – 2
Saúde e Protecção Social – 18
Serviços – 7
Ou seja, 52% dos estudantes do ensino superior enquadram-se em cursos de vocação económica; os outros 48% têm uma vocação não-empresarial. Isto significa, em termos muito grosseiros, uma clara opção por áreas relacionadas com o progresso material de Portugal.
Não será certamente por causa desta estrutura que vamos encontrar motivos para o nosso atraso relativo.
Até que ponto um Engenheiro português é mais ou menos competente que o seu homólogo alemão? O Médico português poderá confiadamente exercer a sua profissão em França ou em Inglaterra? Onde está a essência do nosso atraso? Será por causa dos conteúdos dos cursos ministrados?
Partindo do princípio de que não há um factor genético que destine os portugueses à mediocridade, então temos que encontrar as políticas que elevem os nossos parâmetros actuais aos homólogos dos melhores da UE no prazo que estipularmos. Dez anos? Vejamos o que isto pode significar.
(continua)
Henrique Salles da Fonseca