A ESSÊNCIA DO PROGRESSO -5
Mas será que vimos seguindo os caminhos correctos? A resposta é certamente ambígua pois – no meio de tanta desgraça – temos verdadeiros casos de sucesso.
Se eu citar o exemplo da tecnologia nacional da Via Verde nas auto-estradas que vende e instala o processo no estrangeiro, se eu citar a explosão nas comunicações móveis e absorção de todo o processo tecnológico inerente, se eu citar a manutenção aeronáutica de que dispomos, se eu citar o Instituto de Formação Bancária que dá formação também fora de Portugal (Países bálticos, Roménia, Moçambique, Angola, etc.) então há que perguntar se não estamos a funcionar em dois Países simultaneamente: o Portugal de cima e o Portugal de baixo. Mais uma vez a pergunta: vamos lidar com o de cima e esquecer o de baixo ou vamos tentar reduzir o fosso que os separa?
Creio que em democracia só podemos ter uma resposta: Portugal é de todos e não temos o direito de esquecer uns para só atender a outros. O que temos é que medir a eficácia das políticas que vimos seguindo e uma das questões mais relevantes que deveríamos desde já colocar é a de sabermos se com os meios postos à disposição do Ministério da Educação, do Instituto do Emprego e Formação
Profissional e das Universidades, não deveríamos ter progressos muito superiores aos que vimos medindo.
Assim como medimos regularmente a relação entre a Formação Bruta de Capital Fixo e o crescimento do PIB, também devíamos começar a comparar o esforço nacional na Formação Bruta de Capital Humano e o progresso intelectual e técnico-profissional dos portugueses. É que se assim não for, arriscamo-nos a promover a Formação de Capital Humano Bruto e a formação de carne bruta para canhão. Creio que os executantes destas políticas andaram muito soltos, como aos juízes, ninguém lhes pedindo responsabilidades.
Não andarão a esbanjar gerações? Veja-se o autêntico escândalo que os Professores quiseram fazer do início da medição dos resultados obtidos por cada Escola; como se isso fosse crime de lesa Pátria; como se os grandes educadores do povo estivessem porventura acima de qualquer suspeita.
Veja o ranking completo das escolas do secundário em 2010/2011 baseado num estudo feito pelo Centro de Estudos de Sociologia da
Universidade Nova de Lisboa, que tem por base as notas obtidas nos exames nacionais de 2011.
Apesar deste cenário, ainda há quem tenha a suficiente força de vontade para chegar à Universidade e até mesmo quem escolha áreas científicas e tecnológicas.
(continua)
Henrique Salles da Fonseca