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A bem da Nação

POSTAIS ILUSTRADOS LI

 

 

 

Carta Aberta a Sua Excelência o Senhor Presidente da República,

 

Excelência,

 

Tenho-me dedicado, neste espaço de intervenção, a outras matérias que não são a análise da situação que actualmente vivemos.

 

Acho que não vale a pena estar a juntar mais uma voz aos incontáveis opinion makers que por aí pululam, em telejornais, jornais, rádios e blogues. Nem da comunidade do facebook já faço parte, ao contrário de Vossa Excelência.

 

Desactivei a minha inscrição!

 

E venho falar-lhe das suas palavras sobre as suas reformas. Não sou seu fã, mas há duas coisas que respeito e que dependem uma da outra:

 

A Ética e a Verdade.

 

O alarido que se levantou à volta das suas palavras só pode ser entendido como o descarado aproveitamento que em Portugal, há anos a esta parte, se faz, maldosamente, das declarações de responsáveis políticos, com vista a criar manobras de entretenimento popular e a desviar-nos do essencial.

 

E ambos sabemos a quem interessam as manobras de recreação!

 

Na verdade, as afirmações de Vossa Excelência não me afectaram porque não tenho nada a ver com o que Vossa Excelência faz do seu dinheiro; e, só afectam quem não sabe ou finge não saber o que é uma reforma.

 

E uma reforma, numa ideia muito simples, é um pagamento que fazemos a uma entidade que serve de fiel depositária do dinheiro que é propriedade de quem sofre o desconto no seu vencimento. Essa entidade que funciona como um banco, com a diferença que não paga juros do depósito, é fiel depositária do dinheiro que lhe entra cofres adentro. Qualquer fiel depositário, se nomeado judicialmente, responde perante os Tribunais, pelos bens que tem à sua guarda.

 

E quando nas pensões de reforma se vem falar de reformas de luxo e que alguns recebem, estão a esquecer-se que essas pessoas também pagaram mais ao tal fiel depositário para que lhe guardasse o dinheiro.

 

Quem descontou para o luxo terá, também, o direito ao luxo.

 

A questão actual é saber se, numa situação de gravíssima crise económico-financeira, é justo que aja uma gritante desigualdade social.

 

Mas isso é outro debate!

 

Que o Governo tirasse o subsídio de natal aos funcionários públicos é entre o Governo e os funcionários públicos, apesar de incumprir com as promessas eleitorais feitas pouco tempo antes, mas, ainda assim, o dinheiro é do Estado…

 

Que o Governo tire o subsídio de natal aos pensionistas é um acto ilegal, contraria um diploma que nem sequer tiveram o cuidado de revogar primeiro, dando-se o caso de o dinheiro não ser do Estado, ser dos próprios que foram lesados.

 

Se um banco fizesse desaparecer da conta bancária de um seu depositante o dinheiro do seu depósito, sem o consentimento daquele, sofreria um processo judicial pelo crime de abuso de confiança.

 

Vossa Excelência, mal ou bem, tem direito às pensões para que descontou e não tinha que abordar publicamente esse tema, ainda por cima, na situação de carência social que vivemos.

 

Como se diz na gíria popular: "Um tiro no pé!"

 

Creio que Vossa Excelência poderia patrocinar uma associação que se destinasse ao debate destes actos políticos que a maioria das pessoas não compreende e de cuja ingenuidade e desconhecimento servem, estrategicamente, para fomentar alaridos. Dando-se o caso de o berço da nacionalidade ser a capital europeia da cultura, aproveitaríamos, nesses debates, para sermos esclarecidos, entre outras coisas, sobre as pensões dos Senhores Deputados, a forma como as decidiram para eles próprios e os montantes que descontaram para as obter… e ficaríamos, assim, politicamente mais cultos.

 

E nessa associação, poderia falar-se, também, de fábulas (aqui no blogue há peritos nessa matéria) e uma das próximas que irei abordar nos meus textos, é a fabula da cigarra e da formiga. Aliás, esta fábula julgo, se a memória não me trai, já ter sido usada e comentada por Vossa Excelência.

 

Essa associação, nos debates que traria a público, teria de demonstrar e provar ao povo português que de formiga não temos nada, ou teremos muito pouco.

 

Infelizmente, assemelhamo-nos mais a uma cigarra cantadeira…

 

De Vossa Excelência,

 

Respeitosamente,

 

 Luís Santiago

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