“A BEM DA NAÇÃO” – 3
É conjugando os fundamentos da Ética (laica, católica, evangélica ou agnóstica) que pretendo que o nosso blog viva da memória individual, a traga para o centro da praça pública e contribua para a criação da memória social, aquela que prepara a «memória futura». Como dizia Paul Ricoeur, «cada período tem à sua volta uma aura de esperanças que não terá preenchido e é essa aura que permite retomá-las no futuro. Talvez seja assim que a utopia se poderá curar da sua doença congénita que é acreditar na possibilidade de começar do zero: a utopia é muito mais um re-nascimento» [1].
Não que tenha a pretensão de plagiar o Padre António Vieira com a sua “História do Futuro” mas vem a calhar perguntarmo-nos se serão essas ideias assim tão exóticas... Dizia ele que Portugal seria a fonte de onde nasceria o Quinto Império não de terras e outros bens materiais, mas um Império Espiritual. E, claro, como jesuíta, não iria contra a Santa Sé (ou seja, contra o II Império Romano) mas de certeza que não ignorou o facto de a rainha Santa Isabel ser cátara, promovendo o culto do Divino Espírito Santo para se alcançar essa terceira era esplendorosa que logicamente se seguiria à primeira, a do Pai e à segunda, a do Filho. E por certo que também não se esqueceu de Pêro da Covilhã, enviado por D. João II à corte do Preste João e à sua Igreja monofisista, tão consentânea com a terceira era cátara. O Rei de Portugal a emparelhar com o Négus da Abissínia e eis o II Império Romano cercado, a rota da seda e das especiarias controladas pelas naus do Tejo e não mais pela República de Veneza. Sim, claro, nem só de pão vive o homem mas... primum vivere, deinde philosophari.
(continua)
Lisboa, Dezembro de 2011
Henrique Salles da Fonseca