“A BEM DA NAÇÃO” – 2
Explicando o nome do blog, “A bem da Nação”...
O conceito engloba uma perspectiva histórica, considera sobretudo o tipo de pensamento positivo, assume como suas as três grandes questões éticas e suas personagens centrais, pretende contribuir para os três níveis da memória, está sempre atento à autoridade e assume incondicionalmente a democracia.
Simples, como é de ver...
Na perspectiva histórica, que pode ser a estritamente documental, a minha atenção assenta sobretudo na explicativa (cuja definição dispensa qualquer explicação) e na fundacional, a relativa à nossa um tanto mítica civilização.
Já no que se refere ao tipo de pensamento português neste último século e picos, evito a excitação típica do período que compreendeu o final da Monarquia e a 1ª República, o chamado «cogito exaltado», não perfilho o «cogito humilhado» característico dos que se conformaram com o peso da autoridade exercida durante o consulado salazarista, não dou qualquer abrigo ao «cogito irado» que assolou Portugal durante o período revolucionário de 1974-75 e tento recuperar do «cogito ferido» que é este em que hoje nos encontramos, lambendo as feridas da desgovernança pós-moderna e tentando fazer o slalom possível entre os lances bolsistas dos nossos credores...
Mas é à Ética que dedico mais atenção.
Quanto às três grandes questões éticas e começando pela mais antiga, por Aristóteles, que significa a procura da vida boa? E depois, que é isso a que fomos conduzidos por Kant de sempre cumprirmos o dever? E nos tempos modernos, como resolver um problema inédito que a ciência e a tecnologia acabam de nos apresentar? E tudo isso em nome das três pessoas fundamentais: eu, tu, ele. O que devo eu fazer para beneficiar a tua dignidade salvaguardando a de terceiros que nem sequer conheço? Por outras palavras: a minha autonomia (que se explica pela minha liberdade responsável) conduz-me à beneficência com vista ao império da justiça. Se no tratamento destas três questões passarmos do plano individual para o
do serviço público, eis-nos chegados ao Sentido de Estado.
Como dizia o meu malogrado vizinho Padre Luís Archer, SJ, em Janeiro de 2000 na sua BROTÉRIA, “A espécie humana será a única que, devido à sua capacidade ética de sacrificar o presente ao futuro, poderá evitar a sua própria degradação”. Eis como numa penada se rejeita o hedonismo reinante nos dias de hoje, eis como laconicamente se dá um sentido superior às opções humanas. Numa perspectiva prosaica, direi que é ao homem que cumpre utilizar a inteligência de que dispõe para gerir um plano estratégico que no longo prazo o conduza à glória através da virtude.
Os bichos, sim, são hedonistas.
(continua)
Lisboa, Dezembro de 2011
Henrique Salles da Fonseca