Goa, Damão e Diu – 2
O 15 de Agosto de 1955 no ex-Estado da Índia Portuguesa
A <História> que não foi contada
Fortaleza de Tiracol |
PREPARAÇÃO PARA A DEFESA DE GOA
Preparados para todas as eventualidades, encontravam-se também os Batalhões de Caçadores nºs. 1 e 2, aquartelados, respectivamente, em Margão e Pondá, unidades estas oriundas das antigas províncias de Angola e Moçambique. A Companhia de Caçadores nº 8, despachada de Moçambique no último momento, ainda tomou parte no rechaçar da invasão satyaghray.
Na cidade de Margão, encontrava-se ainda o Grupo de Cavalaria de Torçanzori, com diligências apoiadas de auto-metralhadoras espalhadas por quase todo o distrito de Goa. Em Mapuçá, no concelho de Bardês, fixava-se o Esquadrão de Cavalaria, com as auto-metralhadoras a defenderem o reduto norte.
No planalto de Bogmaló, a cobrirem o porto de Mormugão, viam-se a Bataria de Artilharia Anti-Aérea de Penafiel e as de Artilharia Ligeira de Évora e Santarém, sob o comando geral do major João Pedro Correia de Matos, que depois da sua missão na Índia, voltaria a comandar o Forte do Alto de Duque, em Algés (Lisboa).
Em Damão, os reforços à precária e reduzida guarnição também não se fizeram esperar, com o minúsculo distrito de Diu a ver a sua histórica fortaleza com mais bulício devido à chegada de novos militares para prestarem serviço na Bataria de Artilharia e Companhia de Engenharia.
Enquanto não se aproximava o momento anunciado para a invasão satyaghray, que tudo levava a crer seria apoiada por elementos do Exército regular indiano, iam sendo levadas a cabo acções violentas no território de Goa, mas sem consequências de maior, registando-se, contudo, algumas baixas nas forças da autoridade.
Pouco mais de dez mil homens, apoiados no mar pelos navios de guerra «Afonso de Albuquerque», «João de Lisboa», «Gonçalo Velho» e ainda o navegável «Faial», aguardavam o desenrolar dos acontecimentos.
Governava o Estado da Índia Portuguesa, o general Benard Guedes, que após terminada a sua comissão de serviço, regressou a Lisboa, vindo mais tarde a desempenhar o honroso cargo de lugar-tenente ou conselheiro de D. Duarte Nuno, o Príncipe das Beiras e herdeiro ao trono de Portugal (1).
Alberto Alecrim
Artigo da Revista Macau nº 18 de 1989-edição do Gabinete de Comunicação
Social do Governo de Macau
fotografias de Leong Ka Tai cedidas pelo Instituto Cultural de Macau; cópia fiel
http://www.memoriamacaense.org/id305.html
(1) Na colónia Britânica de Hong Kong reside uma filha deste ilustre oficial-general - que faleceu em Benguela - casada com o reputado médico Dr. Barros Lopes.