A DÉCIMA ILHA
(*)
Se meu corpo embarcar
Para outro mundo distante
A minha alma há-de sangrar
Presa em castelo de espuma
Que eu construí junto ao mar
Na minha Ilha de Bruma
(Mourão Correia)
Ninguém descreveu melhor o sentimento de desalento do açoriano emigrante que Mourão Correia.
Assim fizeram os necessitados ilhéus nos idos tempos quando a difícil sobrevivência e a falta de perspectiva de sanar a vida os obrigaram a desertar do seu torrão natal para enfrentar uma terra desconhecida, até hostil, do outro lado do mar-oceano, a décima ilha atlântica, no século XVIII.
Mas que triste sina a deles. Novamente se viram isolados nesta parte do sul do Brasil, num novo mundo distante, de hábitos estranhos, quase sem teto e o que comer, tendo ainda o mar como seu provedor, eterno companheiro e amigo.
Enfrentando dificuldades imensas, defendendo espaços e fronteiras, fazendo dos índios, seus naturais inimigos, aliados na sobrevivência, à custa de muita luta e labuta, de muitos que perderam o siso e o crivo, os imigrantes fincaram suas mãos e cultura, deitaram raízes, fizeram da Ilha de Santa Catarina a décima ilha atlântica, terra brasileira dos antigos
açorianos e seus descendentes.
Maria Eduarda Fagundes (imigrante)
Uberaba, 05/10/11