A POLÍTICA EM CURSO
Victor Gaspar, a «cara» do Orçamento do Estado Português para 2012
Votei para a constituição deste Governo com toda a convicção pois sabia que era fundamental mudar o que estava obviamente mal.
E o que é que estava mal?
- Um «modelo de desenvolvimento» que apostou nos bens não transaccionáveis (nomeadamente na construção e obras públicas) e fomentou o crédito ao consumo, desequilibrou profundamente a Balança de Transacções Correntes pois tivemos que passar a importar o que deixámos de produzir e passámos a consumir a mais. Daqui resulta o endividamento do sistema bancário face ao estrangeiro até níveis que impedem a continuidade da abertura de créditos externos.
- Com o desmantelamento do sector produtivo de bens transaccionáveis, os portugueses «agarraram-se» ao Estado como empregador restante. Daqui resultou um enorme aumento da Despesa Pública Corrente, «posta maior» dos gastos do Estado.
- O desmantelamento do tecido empresarial produtivo reduziu a base tributária o que, coincidente com o aumento das despesas, conduziu a um profundo endividamento do Estado para cobrir os sucessivos défices públicos. A dúvida instalou-se entre os credores e os juros começaram a subir.
Eis, grosso modo, o cenário à época da tomada de posse do Governo presidido por Pedro Passos Coelho.
O que espero que o Governo faça imediatamente?
- Que reduza a Despesa Pública Corrente de modo a reduzir os défices públicos com a maior rapidez possível assim reduzindo a pressão exercida pelo Serviço da Dívida sobre a Despesa Pública Global.
O que espero que o Governo faça logo após a aprovação do Orçamento que confirma a vontade política de redução da Despesa Pública?
- Que lance políticas de correcção do «modelo de desenvolvimento» que nos conduziu ao descalabro.
Eis por que apoio as medidas em curso.
Espero que logo após a aprovação do Orçamento de 2012 se inicie o relançamento económico e espero também que o Governo não defraude as minhas esperanças.
Lisboa, 21 de Outubro de 2011