UBI ES, HOMO FUTURUS?
(*)
A palavra "governo" vem do grego "kybernetes", ou mais gregamente "κυβερνητης", que significava "piloto".
Imagine-se naquele tempo a força que fazia um piloto para governar um barco... Agora não. Nos dias de hoje o piloto dum barco ou dum avião não faz força. Porquê? Porque existe a ciência da "cibernética", isto é, existem meios auxiliares que permitem que uma força mínima do piloto nos seus comandos se multiplique numa grande força no leme e se possa assim conduzir o veículo sem esforço.
No caso do governo dum estado sucede o mesmo? Como pode o piloto conduzir um país sem fazer esforço? Ou terá que fazer esforço? Eu gostaria de saber responder a estas perguntas, mas não sei. Quais são os meios cibernéticos que permitam conduzir um país sem esforço? Um piloto automático? Um navegador automático?
A invenção de um sistema cibernético desse género permitiria a anarquia no seu sentido mais puro: a inexistência de chefes, logo a ausência de políticos, o funcionamento da governação sem lutas pessoais, sem ambições nem interesses pessoais, sem chatices. E bastaria para manter o processo da governação a funcionar que houvesse uma equipa de mecânicos especializados, anónimos, sem ambições televisivas nem discursos idiotas. Desumanização? Perda do espectáculo circense que é a política dos nossos dias? Ou uma inefável paz dos espíritos, precursora do verdadeiro progresso social?
Não sei, mas: inventores sociais precisam-se!
Inventores da paz, da ordem, do bom governo, inventores do homem futuro!
Joaquim Reis