A CRÍTICA DA RAZÃO PRÁTICA...
...SEGUNDO SCHOPENHAUER
Quando um celerado, graças a artifícios premeditados, a um plano longamente elaborado, adquire riqueza, honra e até tronos e coroas e depois ludibria com uma perfídia subtil os Estados vizinhos tornando-se senhor deles sucessivamente e transformando-se em conquistador do mundo, sem que o impeça qualquer consideração de direito e de humanidade; quando, com uma lógica rigorosa, espezinha e esmaga tudo o que se opõe ao seu plano; quando precipita sem piedade milhões de homens em infortúnios de todas as espécies, quando esbanja o seu sangue e as suas vidas, nunca se esquecendo de compensar regiamente e de proteger sempre os seus partidários e os seus auxiliares; quando, não tendo negligenciado qualquer circunstância, conseguiu chegar por fim à sua meta; não vemos que esse homem tenha tido que proceder de uma maneira extremamente razoável e que, se a concepção do plano exigia uma razão poderosa, era preciso, para o executar, uma razão – e uma razão eminentemente prática – inteiramente senhora de si mesma.
A quem se referia Schopenhauer? A Napoleão Bonaparte. E que contas acertou ele com Immanuel Kant? As de que a razão prática não coincide necessariamente com a justiça.
Lisboa, Setembro de 2011
Henrique Salles da Fonseca
Sugestão de leitura: http://pt.wikipedia.org/wiki/Arthur_Schopenhauer
BIBLIOGRAFIA:
Schopenhauer, Arthur - Le Monde comme volonté et comme presentation, PUF, 1989, pág. 647
Latouche, Serge – QUE ÉTICA E ECONOMIA MUNDIAIS, Instituto Piaget, pág. 118