ENTRE A GRANA E A FILOSOFIA
(*)
Descarada inversão de valores
Enquanto uns se preocupam com o chamado “vil metal”, ou como empobrecer o próximo, ainda há os grandes filósofos ou teólogos, que gastam as suas vidas a discutir o sexo dos anjos em vez de se preocuparem, verdadeira e eficazmente, com a felicidade dos outros. No século XVI, um espanhol, jesuíta, teólogo e jurista, que leccionou em Coimbra e depois em Évora, criou uma tremenda confusão com a graça de Deus, sobre que arranjou duas “graças”: a “eficaz”, aquela que o homem aceita, e a “ineficaz”, quando o indivíduo não coopera com ela ou lhe resiste!
É verdade que foi há quinhentos anos, mas assim mesmo quer parecer que o tal Molina, que criou esta doutrina chamada de molinismo, depois de muito teologar, descobriu o óbvio! Mas ficou na história.
Meio século mais tarde aparece outro filósofo e teólogo, agora holandês, Cornelius Otto Jansen, que leccionou em Lovaina, e era contra os jesuítas. Foi depois bispo de Yvres, na região flamenga da Bélgica.
Diferindo poucos milímetros da doutrina molinista, o seu pensamento que ficou conhecido como o jansenismo, levou os fiéis para um maior rigor teológico do cristianismo. (O que será isto???) Mais tarde, contava Voltaire: “uma mulher molinista recusava deitar-se com o seu marido jansenista; este chamou então os vizinhos: - Senhores, disse ele, haverá entre vós algum molinista que se queira deitar com a minha mulher?”
É para isto que servem as complicadas filosofias! Nada melhor do que DEScomplicar a vida. Por exemplo, neste país abençoado por Deus (como todos os outros), mas amaldiçoado pela corrupção (como muitos outros) os ilustres filósofos dos altos escalões propõem-se conduzir todos os seus cidadãos, “a modos que” um rebanho!
Vejamos:
- Criaram uma lei que marca um dia do calendário como “o dia nacional do orgasmo”! Ora se isto não é uma maravilha?
- Há dias, como apareceu já neste blog, um inspirado juiz, afirmou que os órgãos sexuais são um “plus. Um bónus”! Que óptimo. Alguém à nascença não foi beneficiado com esta “dádiva da natureza”?
- Agora vai sair outra lei, ou decreto, ou coisa semelhantemente similar, obrigando os fabricantes de calcinhas de mulher, soutiens e cuecas de homem, a porem nestes artefactos de vestimenta, uma etiqueta, lembrando que as mulheres devem fazer regularmente o controle do câncer de útero, ou de mama, e os homens da próstata! Uma espécie de “livro de instruções”. Viram o que é ter cuidado com a saúde do povo? O único inconveniente é ter que ler as etiquetas, todos os dias ao se vestirem. Uma espécie do jornal do dia com as notícias de todos os dias!
- Por estas bandas, como já devem ter ouvido, há uma verdadeira fobia ao glúten. De facto há gente alérgica ao tal glúten, mas... então, para facilitar a vida do pessoal, todos, todos, os produtos alimentares, excepto os produzidos com trigo, centeio ou cevada, têm que trazer no rótulo “Não contém glúten”! Beleza, né? Até nas garrafas de vinho! Whisky, marmelada, conserva de atum, mel, açúcar, etc. Que tranquilidade.
- Sexa o ministro da educação, notem bem, da educação, pensa distribuir pelas escolas uma cartilha ensinando as crianças, crianças, que tanto faz ter relações sexuais com os meninos como com as meninas. Eles com eles, ou com elas, e vice-versa! Não é pecado e escusam de contar aos papás.
É um tremendo avanço na educação sexual. Vamos sugerir ao ministro que mande professores de ambos os sexos fazerem ao vivo, e durante as aulas, a demonstração deste desinibido e variado comportamento social. Desde cedo se fomenta o “à vontade” em optar por ser gay, lésbica ou... anormal, isto é, hetero.
Com todo este cuidado com a saúde e a educação sexual, o índice de nascimento deve começar a diminuir, ou mesmo chegar a zero, o que será óptimo para quem queira para aqui imigrar!
E até nisto se perde o sentido da língua portuguesa, ou até de qualquer outra: estão a querer chamar a dois indivíduos do mesmo sexo, “casal”! Dantes, lá muito no antigamente, quando se comprava um casal de patos, galinhas, porcos, etc., é porque se queria um de cada sexo para reproduzir. Hoje a tendência é outra: uns casais bestas, reproduzem e depois vendem as crianças a novos pares para adopção. Nem se pode, mais tarde, chamar a uma dessas crianças “sua filha de mãe”, quando ela tiver dois pais, nem outros mimos parecidos... Modernidade.
Dou graças a Deus por estar quase velhinho, porque nem sequer pretendo imaginar como estará o mundo daqui a meio século!
Haja tsunami, erupções vulcânicas, inundações, subida do nível do mar, ciclones e outras catástrofes mais, para ver se, os que sobrevivem, começam a ser gente ... anormal!
Rio de Janeiro, 2 de Junho de 2011
Francisco Gomes de Amorim