“QUEM NÃO QUER SER LOBO NÃO LHE VESTE A PELE”
(*)
AGÊNCIAS DE RATING
Encontro-me entre os que desconfiam das boas práticas das Agências Americanas e não só. Para mim é claro que a Bolsa de Chicago, local onde são fixados os preços dos cereais e das oleaginosas que todo o Mundo vai consumir e pagar é manipulada por “Fundos” de especulação Americanos e pela própria FDA, defendendo, obviamente os interesses e a estratégia do Governo dos USA.
Mas, diz o adágio popular “quem não quer ser lobo não lhe veste a pele”. Será que a EU e o BCE andam vestidos de “pele de lobo” e estão mesmo a jeito para “levar um tiro” do caçador?
Já escrevi sobre os Estatutos do BCE e sobre o que é hoje a sua limitada acção “manter o valor aquisitivo da moeda, o Euro, e via taxas de juro, reduzir ou aumentar a massa monetária e controlar a inflação na Zona Euro”.
Também já escrevi sobre a política de “espaço aberto” da EU, que transformou o espaço Europeu num mercado paradisíaco para os produtores e exportadores de qualquer parte do Mundo. Seja da China, da Malásia, da Indonésia, da Índia, da Argentina e até das Zonas Livres instaladas em Marrocos ou noutro qualquer País.
O BCE aumenta a taxa de juro sem se importar com os efeitos devastadores que essa atitude vai ter na economia de Países como Portugal, Espanha ou Grécia. Para o BCE o que interessa é controlar a inflação, ainda que essa inflação seja consequência dos preços dos cereais, das oleaginosas e do petróleo, manipulados nas Bolsas de Chicago e N.Y.. Não vai baixar inflação nenhuma mas vai ter
consequências nefastas na nossa economia. Isso não lhes interessa, querem lá eles saber!!!
A UE faz (in)convenientes acordos com Países Terceiros, parece que muito preocupada com as economias desses Países. Trama a economia de Portugal, da Espanha e da Grécia, mas querem lá eles saber disso, se da Zona Livre de Tânger (Marrocos) vêm cablagens mais baratas para a indústria automóvel alemã.
Isto sempre se resolveu com umas obras públicas nos Países periféricos, que, além do mais permitem encapotar subsídios à produção de equipamentos sob a forma de ajuda ao País de destino. Todos sabem que tais obras não vão ter qualquer impacto no desenvolvimento económico futuro desses Países, mas ao mesmo tempo que os “amarra” a dívidas impagáveis, permite que os fabricantes de maquinaria franceses e alemães vendam mais uns equipamentos (é o caso do famoso e famigerado TGV).
A UE e o seu BCE não têm nenhum programa de desenvolvimento económico para Portugal. Tal programa não interessaria à Alemanha ou à França. As Agências de Rating sabem disso, e vêem “empurrar com a barriga” a dívida Portuguesa, que nos próximos três anos, pela simples soma dos deficits orçamentais aprovados vai aumentar cerca de 20.000 milhões de euros (cerca de 12,5% do PIB), e nada de Planos para o crescimento da economia. O que é que têm de concluir? Lembro que são apenas Agências de Rating, não Santas Casas da Misericórdia.
Caros Leitores, o cartão amarelo ou vermelho da Mooddy´s, que não é inocente, tem, infelizmente impacto directo em Portugal, mas ele é realmente mostrado às duas instituições UE e BCE, que ou se reformam urgentemente ou acabam com o projecto Euro e até com o projecto Europa.
Lisboa, 8 de Julho de 2011-07-08
João A. J. Rodrigues
Empresário, Gestor e Livre-pensador em Economia