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A bem da Nação

QUE FUTURO PARA A ECONOMIA PORTUGUESA?

  (*)

 

Há quem tenha dúvidas sobre a viabilidade da economia portuguesa colocando a questão com urgência a fim de se apurar se temos hipótese de sobrevivência como Estado Soberano.

 

A resposta é bem simples: se não se mexer no actual «modelo de desenvolvimento», a economia portuguesa não é viável e, consequentemente, Portugal não poderá manter a sua plena soberania.

 

Há quem afirme que as medidas «negociadas» com a troika mais não são do que um balão de oxigénio destinado a garantir os capitais dos nossos grandes credores e que, desse modo, apenas servem de antipirético, nada tendo de terapêutico; também nada está garantido quanto à contenção da pressão especulativa contra Portugal e nada se refere no dito «Acordo» (seja qual for a versão considerada) quanto a políticas que garantam o desenvolvimento sustentável. Há igualmente quem afirme que o Programa do novo Governo está todo feito pela troika.

 

Parece, contudo, óbvio que esta última afirmação não corresponde à verdade: basta conhecer o documento para se tornar evidente que estão por definir todas as políticas de reformulação do nosso modelo de desenvolvimento. E sem que este seja refeito, nada de positivo pode acontecer.

 

Ou seja, temos as obrigações definidas mas cumpre ao novo Governo inventar o modo pelo qual as conseguiremos cumprir. O primado da desregulamentação em conjunto com o menosprezo pela ética só poderia resultar em descontrolo e essa foi a génese tanto do descalabro americano como da chegada da troika a Portugal. O mesmo se diga relativamente à Grécia e, logicamente, como será em breve noutros países em que esses dois destabilizadores se impuseram. A construção de políticas tomando como base modelos teóricos (econométricos) que afinal nada têm a ver com a realidade, mostrou à saciedade que basta uma variável repentista entrar no cenário para que a desorientação dos Governos se manifeste clamorosamente. Também todos somos testemunhas de que as previsões económicas – para além de erróneas – mais têm servido de instrumento dos manipuladores e menos dos especuladores.

 

A industrialização da mercadoria «notícia» conjugada com a impunidade noticiosa não ajuda à transparência dos mercados nem à serenidade com que os povos ambicionam viver. Ou seja, urge no mundo ocidental – e, portanto, em Portugal também – substituir a mentira, a ocultação, a grosseria, o compadrio, a manipulação, a discricionariedade, a ilusão e o autoritarismo pela verdade, justiça, honestidade e rigor. Se queremos cumprir o Acordo, não poderemos ser os últimos a enveredar por essas mudanças. E para que possamos cumpri-lo, temos que regressar à produção de bens e serviços transaccionáveis pois o endividamento externo do nosso sistema bancário se encarregará de impossibilitar a continuação da importação da grande parte dos nossos consumos correntes e duradouros. Sob pena de ruptura nos abastecimentos e por muito que isso possa ser considerado fora de moda, temos que regressar a alguma fisiocracia e a uma política de substituição de importações, mais ainda do que ao incentivo das exportações.

 

Resta saber se o quadro jurídico e regulamentar nacional facilita a transparência dos mercados, a lógica do método de formação dos preços e permite a competitividade global da logística interna.

 

A economia portuguesa será viável se não continuar submetida à opacidade dos mercados, a uma fiscalidade que incentiva a clandestinidade, a uma política de crédito que se preocupa de menos com o investimento, a uma Justiça entorpecedora, a uma desconfiança pública sistémica da intenção empresarial.

 

Lisboa, Junho de 2011

 

 Henrique Salles da Fonseca

 

(*)http://www.google.pt/imgres?imgurl=https://1.bp.blogspot.com/_kYRFbETl9No/TA98cHsvQUI/AAAAAAAAA3Q/GrSNpeiBfT4/s1600/Pilares%2Bda%2Beconomia%2Bportuguesa%2B2.jpg&imgrefurl=http://porcausasemodivelas.blogspot.com/2010/06/pilares-da-economia-portuguesa.html&usg=__uADVh7Ecav-JRceyheKTMYTd01Q=&h=586&w=862&sz=65&hl=pt-PT&start=0&sig2=viAfOkcqySwjWjeD34H_qw&zoom=1&tbnid=oH6DqAVkoK6HHM:&tbnh=148&tbnw=214&ei=5QX_TZq8JcLPhAeivYSlDg&prev=/search%3Fq%3Deconomia%252Bportuguesa%26um%3D1%26hl%3Dpt-PT%26sa%3DN%26biw%3D1024%26bih%3D753%26tbm%3Disch&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=564&vpy=328&dur=1756&hovh=185&hovw=272&tx=131&ty=99&page=1&ndsp=17&ved=1t:429,r:15,s:0&biw=1024&bih=753

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