O Q. E. DO SUBDESENVOLVIMENTO
Durante mais de um século, desde que Alfred Binet criou o coeficiente de inteligência (QI) que o mundo rotula os indivíduos em inteligentes acima da média, medianos, e abaixo da média. A partir daí os testes de inteligência passaram a ser usados como
indicadores da capacidade individual e aplicados como instrumentos de decisão e selecção humana. A sociedade passou a dividir então os homens em inteligentes (os intelectualmente mais capazes) e os inferiores (aqueles intelectualmente incompetentes). Nessa rotulação o factor emocional não era levado em conta, até que o Prof. Luiz Machado, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), após um estudo de mais de 20 anos, trouxe a constatação que ansiedade, a auto-estima e até a timidez são aspectos fundamentais para o desenvolvimento da inteligência. Segundo o professor, o homem não é, ele está no contexto do mundo. Isso falava a favor do QE (coeficiente emocional), onde a capacidade resolutiva estava intrinsecamente correlacionada com a resposta ao estímulo emocional actuante no indivíduo. Teoria esta que ganhou destaque na mídia, após os Best-Sellers dos psicólogos Daniel Goleman (U. Harvard) e Antonio Damásio (U Yowa).
O racismo cultural verificado entre os países deve ser combatido, pois ele é discriminatório e ilusório, pois joga com a ideia preconcebida, incutida pelos que se acham mais desenvolvidos, aqueles que ditam as regras e conceitos, que os outros, achatados nos seus valores, emocionalmente reprimidos, são inferiores, e, portanto menos capazes, menos qualificados a serem «ouvidos».
Todos nós nascemos com capacidades cerebrais inatas de ordem genética que estão à espera dos estímulos certos para se desenvolver, para despertar o génio que cada um traz consigo.
Quantas pessoas brilhantes, reconhecidamente inteligentes, não chegam a bom termo nas suas escolhas.
Quantos indivíduos considerados de inteligência mediana ou mesmo abaixo da média conseguem atingir sucesso em seus projectos e sonhos. Nos conceitos modernos, a inteligência seria mais que a capacidade de apreensão rápida de conhecimentos, ou de visualização e resolução de problemas, seria a capacidade de bem administrar e resolver os embates da vida.
Como tantos outros na história da humanidade, Albert Einstein, considerado incapaz intelectualmente pela escola, apontou o problema:
Devemos tomar cuidado para não fazer do intelecto o nosso deus. Ele tem, é claro, músculos poderosos, mas não tem personalidade.
Maria Eduarda Fagundes
Uberaba, 25/05/11
Nota:
Dados: Revista Diálogo Médico (Ano 11- n.º 4)