RELACIONAMENTOS
Numa sociedade individualista, onde todos se relacionam de uma maneira superficial, conviver em harmonia com o próximo e consigo mesmo é uma arte que exige destreza de equilibrista circense.
Desde pequenos somos preparados pela família e escola para nos sociabilizarmos. Aprendemos que para ter bons relacionamentos é preciso haver afinidades, interesses comuns e respeito entre as partes. Que num grupo, a individualidade é secundária aos interesses da colectividade; que a harmonia vem da alegria simples do contacto, da conversa informal, quase lúdica, onde um elemento catalisador, como um assunto em voga, um cafezinho, ou um copo de vinho, ajuda a manter o “espírito” agregador do grupo.
Observadores do comportamento humano defendem que nos relacionamentos devemos sempre levar em conta a sensibilidade alheia. Numa tertúlia, a palavra é o veículo de exteriorização de pareceres e ideias, logo, deve ser emitida com cuidado, pois se mal interpretada pode dar ensejo a conclusões erróneas e até mesmo a malquerenças ou raivas. O mesmo acontece com as manifestações de afecto ou simpatia, em excesso, podem despertar ciúmes, antipatias ou descrédito.
Nos tratamentos entre amigos, mesmo que sejam íntimos, devemos evitar a vulgarização, que pode descambar para baixaria. Já as demonstrações de veneração mexem com a vaidade humana, levando à falsa impressão de que alguém possa se tornar indispensável para outrem, o que não é verdade. Nas conversas, é bom ter sempre em mente que o indivíduo quanto mais “civilizado ou ilustrado” faz como a Lua, só mostra uma face, que é nos detalhes, nas pequenas “deixas” e actos, que ele mostra a verdade. O discurso, regido pelos interesses, pode ludibriar, mas o comportamento, difícil de disfarçar, em algum momento mostra o carácter.
Todos nós temos qualidades e defeitos, por isso devemos evitar fazer julgamentos precipitados e corrigir quem quer que seja, pois não somos os donos da verdade. Tolerância e cortesia (na medida certa), evitar a vaidade (coisa comum), prestigiar o mérito (coisa rara), além de manterem a harmonia, são sinais de bom senso e inteligência.
Finalmente, na arte de bem se relacionar, devemos fazer como os franceses:
-“Parler sans accent” para ter razão,
“Parler avec accent” para suscitar sentimentos!
Uberaba, 19/05/11
Maria Eduarda Fagundes