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A bem da Nação

ALENTEJANANDO – 2

 

 

Verde como há muito o não via, o Alentejo estava lindo. Mas se fosse no Verão estaria amarelo e lindo na mesma. Como assim? Muito simplesmente, o Alentejo é lindo em todas as circunstâncias.

 

E sempre que o vejo, imagino o que ele poderia ser se a política agrícola dos sucessivos Governos fosse boa… E como seria Portugal se há décadas não estivesse a ser vítima de políticas grosseiramente erradas?

 

É claro que não vou aqui dissertar sobre o modelo de desenvolvimento português, dos erros de que enferma e do fácil que seria alterá-lo de modo a que pudéssemos rapidamente passar o actual Cabo de Tantas Tormentas…

 

Mas essas soluções – já tantas vezes explicadas no “A bem da Nação” tanto por mim como por outros Autores meus convidados – não me saem da cabeça quando deixo os olhos correrem pela paisagem deparando com cenas que preferia não ver: campos abandonados ou escassamente aproveitados, aldeias com pouca e envelhecida gente, quintas de recreio onde deveriam estar unidades produtivas. Enfim, aqui vai um palavrão: oligopsónio – eis o nome por que dá o grande mal da agricultura portuguesa. E, no entanto, seria tão fácil pôr tudo a funcionar…

 

Mas também vi coisas de que gostei. Pena que tivessem sido edificadas com dinheiros provenientes dos meus impostos e não «do pelo do mesmo cão», ou seja, resultantes da pujança da economia local.

 

As estradas principais, secundárias e municipais por que passei estavam impecáveis – não vi um único buraco de que tivesse que me desviar.

 

No Alandroal (onde nunca fora) vi tudo arranjado com muito esmero mas o Centro Cultural Transfronteiriço estava fechado àquela hora pelo que desejo que esteja aberto noutras horas… Como sobre ele nada pude saber, espero que tanto dinheiro ali metido seja de alguma utilidade para alguém do lado de cá da fronteira que os do outro lado têm por certo quem deles cuide.

 

 (*)

O Centro Cultural Transfronteiriço no sopé do Castelo do Alandroal

 

Perguntei-me sobre qual o modelo de desenvolvimento desta região e não descortinei nada que não a asfixiada agricultura. Ou seja, tudo o que de bom lá vi, é pago pelos meus impostos e não pela pobre economia local. O que acontecerá a esta pobre gente quando o fisco confirmar que faliu?

 

Juromenha: apetece-me dizer «que miséria» pois tenho vergonha de dizer «que vergonha». Como foi possível concentrar num ponto tão alto dose tão grande do desmazelo nacional? Qual a marca da tinta preta com que os responsáveis por tamanha vergonha deverão pintar as caras?

 

(**)

Desmazelo tão concentrado, nunca eu vira

 

Dali segui contristado pois tenho a certeza de que não são necessários dinheiros públicos para recuperar tudo e pôr a «coisa» a render.

 

Rumei a Campo Maior onde vi progresso a sair por todos os poros. Sim, é claro que esse progresso cheira a café. Que contraste formidável quando comparado com as outras localidades, as penduradas no Terreiro do Paço de Lisboa. Uma ilha rodeada por déjà vu.

 

Almoçado o magnífico bife na pedra, passei a raia seca e dei uma espreitadela na monarquia e seus súbditos. Badajoz estava lá, exactamente no mesmo sítio em que a deixara da vez passada. Lembrei-me de Giraldo, o sem pavor, da perna de D. Afonso Henriques, dos fuzilamentos na velha praça de toiros durante a guerra civil e, como não poderia deixar de ser, do lusitano Café Camelo. E lá fui de seguida em busca do cenário da «guerra das laranjas»…

 

Foi então que, olhando para ocidente, me lembrei do Marquês de Alorna, D. Pedro de Almeida Portugal, que daqueles montes que eu estava naquele momento a enxergar, observara as tropas franco-espanholas a invadir Olivença perante o cúmplice silêncio do Duque de Lafões, então Ministro da Guerra do inapto príncipe regente D. João. Que «aventais» terão servido tão secreta mas óbvia traição à Pátria?

 

Para além das obras em curso, era o dia da Feira de Olivença pelo que havia severos condicionamentos ao trânsito automóvel. Não se podia ir ao centro a não ser a pé mas como havia concerto de música duma espécie minha desconhecida, decidimos dar uma volta exterior e confirmar o que eu queria saber: a toponímia voltou a estar em português com os nomes antigos das ruas; não apenas no centro histórico (como eu admitia) mas sim até à periferia. Gostei, claro!

 

De regresso à república e seus cidadãos, passámos o Guadiana pela nova Ponte d’Ajuda (assim, em português) se bem que à saída de Olivença visse sinais a indicar o caminho para «Puente Ayuda» e para Portugal.

 

Tenhamos calma…

 

Março de 2011

 

 HSF - retrato por FGAHenrique Salles da Fonseca

 

(*)http://www.google.pt/imgres?imgurl=https://farm4.static.flickr.com/1178/747796818_b9cf9ee1b2_o.jpg&imgrefurl=http://www.meteopt.com/forum/seguimento-meteorologico/seguimento-julho-2007-a-1181-11.html&usg=__fUMu-Ljpw7ZB3yblJDXScvbgIAE=&h=480&w=640&sz=45&hl=pt-pt&start=30&zoom=1&tbnid=6TdypFsotBZ1rM:&tbnh=180&tbnw=258&ei=ZLyFTfeVNs664Qa44dWOCQ&prev=/images%3Fq%3Dalandroal%26um%3D1%26hl%3Dpt-pt%26sa%3DN%26biw%3D1007%26bih%3D681%26tbs%3Disch:10%2C1123&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=704&vpy=314&dur=16&hovh=194&hovw=259&tx=156&ty=100&oei=TryFTaXxA4jPtAbXlYyZAw&page=3&ndsp=12&ved=1t:429,r:7,s:30&biw=1007&bih=681

 

(**)http://www.google.pt/imgres?imgurl=http://www.casadasao.com/PT/Castelo-de-Juromenha.jpg&imgrefurl=http://www.casadasao.com/PT/Homepage.htm&usg=__X5apMlh3mQoCeOR0PJ5HNMFXkts=&h=353&w=581&sz=68&hl=pt-pt&start=3&zoom=1&tbnid=-8q4-gkqY3ooYM:&tbnh=81&tbnw=134&ei=H72FTbrDBYbCtAaSyYjFBg&prev=/images%3Fq%3Djuromenha%26um%3D1%26hl%3Dpt-pt%26biw%3D1007%26bih%3D681%26tbs%3Disch:1&um=1&itbs=1

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