GLORIAE
Cruzei-me com esta frase latina: "Gloriae et virtutis invidia comes est" (A inveja é a companheira de viagem da gloria e da virtude).
E parece-me que a inveja dos gloriosos e dos virtuosos é um defeito grave dos Portugueses, na generalidade. Defeito que deve ter tido a sua génese há já muitos séculos, talvez mesmo no tempo de Adão e Eva. E defeito cognato é não se ter consciência dele. Porque quem tem consciência dos seus defeitos, tenta corrigi-los ou, pelo menos, controla-os.
Toda a minha vida me tenho esforçado por dominar a minha inferioridade, e agora pasmo ao ver tantos jovens com a soberba de quem se julga superior. Isso não me ofende, evidentemente, mas faz-me lastimar a infelicidade de quem assim se apresenta e que, parece evidente, nunca tomou conhecimento da sabedoria divina de Cristo.
Não são glória nem virtude. São comites invidiosi, condes falidos, sem Rei nem Roque.
Nota: Escrevi este correio ontem, independentemente do Rainer. Que coincidência lembrarmo-nos ambos da "Inveja"! "Die Eifersucht ist eine Leidenschaft die mit Eifer sucht was Leiden schafft". Traduzamos: "A inveja é uma paixão que com fervor procura o que produz sofrimento".
Sehr richtig! Muito bem!
Nota: Em russo, inveja diz-se Зависть (závisst'), palavra que contém o radical "visst", como em português "vista", como aliás existe em "inveja". Logo, o invejoso é aquele que "vê" por trás (zá-) ou para dentro "in-". Olhar maligno!
A sociedade portuguesa, como a dos caranguejos dentro do balde sem tampa -- na fábula contada pelo Rainer -- é uma sociedade que olha por demais para o seu semelhante, esquecendo-se de Cristo que tradicionalmente lhe ensinou outra maneira de o olhar.
Só assim se compreende que um homem honesto e de recta intenção, como foi Salazar tenha sido, e é, tão despudoradamente vilipendiado.
Haja Deus! Miserere Portugaliae!
Joaquim Reis