BENTO XVI – AGRICULTURA, RESPOSTA PARA CRISE ECONÓMICA
CIDADE DO VATICANO, Domingo, 14 de Novembro de 2010
Palavras de Bento XVI aos peregrinos na Praça de São Pedro.
Queridos irmãos e irmãs:
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A crise económica actual, sobre a qual se tratou nestes dias na reunião do chamado G20, deve ser concebida em toda a sua seriedade; esta tem numerosas causas e exige uma revisão profunda do modelo de desenvolvimento económico global (…). É um sintoma agudo que se somou a outros também graves e já bem conhecidos, como o perdurar do desequilíbrio entre riqueza e pobreza, o escândalo da fome, a emergência ecológica e, actualmente, também geral, o problema das greves. Neste quadro, parece decisivo um relançamento estratégico da agricultura. De facto, o processo de industrialização às vezes ensombrou o sector agrícola, o qual, ainda contando com os benefícios dos conhecimentos e das técnicas modernas, contudo, perdeu importância, com notáveis consequências também no campo cultural. Este parece ser o momento para um convite a revalorizar a agricultura, não em sentido nostálgico, mas como recurso indispensável para o futuro.
Na situação económica actual, a tentação para as economias mais dinâmicas é a de recorrer a alianças vantajosas que, contudo, podem acabar sendo prejudiciais para os Estados mais pobres, prolongando situações de pobreza extrema de massas de homens e mulheres e esgotando os recursos naturais da Terra, confiada por Deus Criador ao homem - como diz o Génesis - para que a cultive e a proteja (…). Além disso, apesar da crise, consta que nos países de antiga industrialização, se incentivam estilos de vida marcados por um consumo insustentável, que também acabam prejudicando o ambiente e os pobres. É necessário dirigir-se, portanto, de forma verdadeiramente concertada, a um novo equilíbrio entre agricultura, indústria e serviços, para que o desenvolvimento seja sustentável, não falte pão para ninguém e para que o trabalho, o ar, a água e os demais recursos primários sejam preservados como bens universais (…).
Para isso, é fundamental
• cultivar e difundir uma clara consciência ética à altura dos desafios mais complexos do tempo presente;
• educar-se num consumo mais sábio e responsável;
• promover a responsabilidade pessoal junto à dimensão social das actividades rurais, fundadas em valores perenes, como o acolhimento, a solidariedade, a partilha do cansaço no trabalho.
Muitos jovens já escolheram este caminho; também muitos licenciados voltam a dedicar-se à empresa agrícola, sentindo responder assim não somente a uma necessidade pessoal e familiar, mas também a um sinal dos tempos, a uma sensibilidade concreta pelo bem comum.
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In http://o-povo.blogspot.com/2010/11/bento-xvi-agricultura-resposta-para.html