O PROBLEMA
Nada indica que se esteja a programar para resolver a principal questão estrutural da economia portuguesa: o défice de produção e criação de riqueza, que está na origem de todos os outros défices.
Como de há duzentos anos a esta parte: “ Não há futuro sólido, sustentado e soberano sem uma aposta na produção nacional , na industrialização do país, no desenvolvimento da agricultura e das pescas.”
Questão prévia: quem são os responsáveis da crise?
Foram os trabalhadores por conta de outrem?
Foram os agricultores?
Foram os pensionistas e reformados?
Foram os pequenos e micro empresários?
Recordemos que o défice orçamental é de, números redondos, 15 mil milhões de Euros. O que fazer?
Reduzir os salários e as pensões é a solução, proclamam.
Mas foram os salários e as pensões que provocaram a crise?
Em 1975, a parte que as remunerações, sem incluir as contribuições sociais, representavam do PIB era de 59%. Em 2009, de menos de 34% do PIB!
Pergunta-se: o país está mais justo, mais igual e menos pendente?
Curiosamente os que defendem os cortes salariais, todos sem excepção, recebem mensalmente vencimentos equivalentes a 20, 30, 40,50, 100 e mesmo mais salários mínimos nacionais.
Curiosamente também, quase todos eles assumem (ou assumiram) responsabilidades governativas ou de direcção do “ sistema”. O que não impede de se comportarem como virgens vestais.
Quanto a impostos, eles são a demonstração inequívoca de que não existe o chamado “interesse nacional”.
Podem-nos esclarecer por que não se tributam a banca e os grandes grupos económicos com a taxa efectiva de IRC de 25%, (o que renderia 500 milhões de Euros no mínimo)?
Ou as transacções de Bolsa (mínimo de 135 milhões de Euros)? Ou as transferências financeiras para os offshores (cerca de 2200 milhões de Euros, base 2009)?
E por que não se tributam os que apostam na economia paralela e clandestina, que significará hoje cerca de 20% a 25% do PIB real? O que se traduziria na recolha, em impostos de valores da ordem dos 16 mil milhões de euros/ano. Valor que é várias vezes superior aos fundos comunitários.
“Interesse Nacional”? Observe-se o caso da venda à Telefónica da participação da Portugal Telecom na VIVO. Os accionistas da PT alcançaram mais de 6 mil milhões de euros de mais valias bolsistas , fazendo-os passar por um paraíso fiscal na Holanda, sem pagarem um único Euro de imposto no nosso país!
“Interesse Nacional“? O Estado e a banca pública socorreram o sistema financeiro. E logo deram 4 mil milhões de euros em Outubro de 2008 e garantias superiores a 20 mil milhões de euros (mais 12,5% do PIB , depois foi o BPN , onde o valor injectado ultrapassa os 4 mil milhões de euros (2,4% do PIB).
Mais de dez biliões de Euros (10.000.000.000.000.) , tal foi a verba injectada pelos bancos centrais e pelos governos , só no sistema financeiro desde Agosto de 2007. E a 1% de taxa de 2007.
Agora os Estados que assim se endividaram pagam junto do mercado (leia-se sistema financeiro) juros de 3,4,5, e 6%.
A divida privada em Portugal é mais do dobro da divida pública.
(recebido por e-mail; Autor não identificado)