AS EMOÇÕES NA VELHICE
Foto: arquivo particular
É na terceira idade, maneira “polida” da mídia se referir aqueles que já passaram dos sessenta, que se percebe “na carne” o quanto as emoções abalam o indivíduo. Se antes, na juventude, elas fustigam de leve, sem grandes repercussões físicas e mentais, na velhice são verdadeiras tempestades que arrasam e aniquilam. Derrubam sim, pois não há noite bem dormida, massagem relaxante ou creme tonificante que acabe com aquela feição abatida, aquela ruga vincada acrescida na face, ou aquele cabelo branco que ontem não estava ali, na cabeleira grisalha, e que a vaidade insiste em esconder ao pintá-la. Quantas vezes dores de cabeça, tremores, taquicardias, gastrites rebeldes, má digestão, “nó” na garganta, boca amarga, cólicas abdominais sem explicação são sinais de emoções mal resolvidas.
O stress pode transformar a emoção numa doença psicossomática, que o digam os clínicos, os gastrenterologistas, os cardiologistas, os geriatras e neurologistas, que atendem todos os dias pacientes idosos que perambulam de consultório em consultório em busca de solução para suas feridas físicas e mentais. Eles querem um profissional que os ouçam, que aplaque seus temores, que alivie suas dores que parecem não ter fim... E quando bem diagnosticados, depois de bem avaliados, os profissionais descobrem que ouvindo os pacientes, interessadamente, já trataram 50% das suas doenças.
Ignorado pelo médico e familiares, o idoso poli-queixoso tem mais chances de desencadear uma doença abrupta grave, seja degenerativa cerebral ou até mesmo cardiocirculatória, que qualquer outro paciente. No velho o stress é sempre uma situação de perigo.
A velhice precisa de um lar seguro e aconchegante, uma família amorosa e participativa, um médico atencioso e constante, uma sociedade respeitosa para ser feliz. No tabuleiro da vida devemos movimentar as peças com tino, prudência, raciocínio, prever situações de risco, evitar surpresas desagradáveis que mudem para o pior o destino. É vital lembrar que, com a idade, uma emoção desagradável pode ser desastrosa para a qualidade de vida.
Desenvolver o lado lúdico e afectivo dos relacionamentos, dar e aceitar o toque pessoal, unir o prazer às actividades quotidianas, preencher os dias, viajar, ver coisas e lugares novos, é promover a saúde física e mental. Resgatar a importância do idoso para a sociedade e família, como elemento de experiência e sabedoria, é tornar a vida melhor, mais rica e feliz, mais longa para todos, velhos e jovens.
Maria Eduarda Fagundes
Uberaba, 21/11/2010