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A bem da Nação

POSTAIS ILUSTRADOS XLV

PASSOS PERDIDOS

 

O Orçamento Oculto

  (*)

Passos Perdidos – AR

 

 

Desde que se cumpram certas

cerimónias ou se respeitem c

ertas fórmulas, consegue-se 

ser ladrão e escrupulosamente

honesto - tudo ao mesmo

tempo.

Raul Brandão,

in “Húmus”

 

“Passos Perdidos”...

 

Não há expressão melhor do que esta para justificar o que fizemos, até hoje, e, o local que identifica esta realidade política, dá lógica ao que se tem passado. Passos perdidos ao longo da nossa História política recente, têm sido apanágio de situações incompreensíveis de nos pôr os cabelos em pé. Mais de dois terços de soluções a nível social, económico, político e financeiro foram perdidas. Pura e simplesmente, atiradas pela pia abaixo, foram parar ao Tejo, infectando-o gravemente.

 

Os Passos Perdidos situam-se no acesso à Sala do Hemiciclo... Não há situação geográfica mais fundamentada e oportuna do que esta, desde a I República, para andarmos perdidos em discussões idiotas e sem qualquer nível cultural, ou de cariz responsável. Lembro aqui que há pessoas, com responsabilidades políticas e no ensino – alguns ostentam o título de “Professor” - que afirmam que os assassínios, as prisões e demais barbaridades acontecidas na I República, não existiram, são um mito. Na cabeça deste personagem inigualável da cultura portuguesa que lê os historiadores de pernas para o ar e segundo a sua conveniência (trostkista?) o que se passou é um mito. Estas pessoas deambulam (deambularam) nos Passos Perdidos e algumas fazem (fizeram) ou colaboram (colaboraram) em Leis da República Portuguesa. E agora recebem a reforma por inteiro, justificada pelo alto serviço prestado à Pátria.

 

Ó Pátria Amada, que tais servos iluminados tens!

 

O que acontece é que os passos que demos, reconvertida a República, por que alguns designam a actual, por segunda e outros por terceira (não vou debruçar-me, agora, sobre isso!) mas, de facto, estamos, inquestionavelmente, em regime republicano.

 

Qual dos regimes, não consigo identificar:

O da Carbonária, braço armado da Maçonaria (de então) que matou selvaticamente o nosso legítimo Rei e o Príncipe (uma criança!)? Ou o das influências longínquas da Revolução Francesa e do mito da Liberdade, Fraternidade e Igualdade robespierriana?

 

Aos assassinos da época de 1910 e cuja acção é festejada anualmente, só falta, como diz um Autor deste nosso núcleo de “refilões reformados”; só falta, como dizia e recordo do conteúdo do texto que li, colocá-los no Panteão Nacional.

 

Obra, cuja arquitectura do regime do Estado Novo, tem sido votada ao desprezo, no melhor estilo cultural revolucionário dos cravos, que nos foi generosamente oferecido. Desprezo manifesto, apesar da excelência da edificação.

 

O mesmo sucederá ao Centro Cultural de Belém - que já classifiquei de Mastaba - quando o actual inquilino de Belém for votado ao ostracismo e ao esquecimento da história, pela política cultural do progresso do cimento que levou a cabo enquanto Primeiro-Ministro e de “efectivo” combate ao “Monstro”. Designação da sua autoria.

 

O Povo é assim mesmo! E os políticos, também. Os políticos e o Povo alimentam-se de cantigas de escárnio e maldizer, tão ao jeito do Cancioneiro Geral Português.

 

O espectáculo mediático moderno da discussão do Orçamento de Estado para 2011, permite, apenas, sermos propositadamente distraídos pelo papaguear dos inquilinos do vetusto hemiciclo português, que provoca o alheamento geral das verdadeiras causas e efeitos do orçamento, dito de salvação nacional, resta saber: da salvação de quem?...

 

O Orçamento, o verdadeiro e genuíno orçamento, aquele que foi dado à estampa pública depois de negociações ruidosamente infantis, está oculto, escondido, não o vemos, nem nos apercebemos das suas verdadeiras consequências, porque ninguém fala dele com a objectividade requerida. Nem os senhores deputados do hemiciclo, mais preocupados com o espectáculo mediático das suas intervenções, que reduzem, ao essencial das suas mentalidades a diferença entre o TGV e os submarinos, preocupados com qual das opções é a de maior interesse público e estratégico...

 

Sonho com a hora desta espécie política ser posta a andar...

 

A credibilidade das negociações está nisto. O negociador da Oposição deu uma conferência de imprensa clamando sobre a sua vitoriosa acção e a décalage do Ministro das Finanças e que até tinha uma fotografia de telemóvel para a estória (não escrevi história); este, o fotografado irritadamente surpreendido, reagindo como puto birrento, veio logo avisar que o aperto de mão que deu ao colocar a sua palavra de honra no acordo, tinha consequências... um filme do Joselito, que vi e me comovia quando eu era miúdo.

 

Coisas do recreio da escola que era primária (não básica) por que todos já passámos quando crianças.

 

O meu Pai e os meus Avós, agricultores portugueses, quando iam a feiras de gado e fechavam um negócio, para comprar um cavalo, um porco, uma vaca ou um vitelo, davam um aperto de mão e o negócio ficava, logo ali, fechado. Não tinham telemóveis para fotografar o aperto de mão, tão fiável como uma assinatura na presença de um notário, nem vinham, como putos dizer que o animal estava coxo e eles não tinham tido o cuidado de ver. Aí, de certeza, funcionava a cachaporra...

 

Outros tempos, outras mentalidades...

 

Passem bem!

 

 Luís Santiago

 

(*) http://www.google.pt/imgres?imgurl=http://photos10.flickr.com/13075379_aab543fec2.jpg&imgrefurl=http://odivino.blogs.sapo.pt/arquivo/2005_05.html&h=348&w=500&sz=62&tbnid=b7B5vqutZ_LbUM:&tbnh=90&tbnw=130&prev=/images%3Fq%3DPassos%252BPerdidos&zoom=1&q=Passos%2BPerdidos&hl=pt-PT&usg=__uNz08Var-Ad1C6HCf27W46it1-A=&sa=X&ei=BWjSTImWIsH_4AaNtvCRDw&ved=0CDUQ9QEwBw

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