RECORDANDO... -2
*
Palácio do Hidalcão - Pangim, Goa
“Palácio do Governo – Este palácio tinha sido nos primitivos tempos uma fortaleza do Hidalcão ou Hidal-Kan, que D. António de Noronha, sobrinho de Afonso de Albuquerque, conquistou pela primeira vez aos mouros em 15 de Fevereiro de 1510.
Foi nas proximidades desta fortaleza, entre Panjim e a Penha de França, que o grande Afonso de Albuquerque veio postar-se com a sua frota no Mandovi em 31 de Maio desse mesmo ano.
Decorridos alguns dias, o Hidal-Kan, sabedor de que os portugueses por falta de alimentos já iludiam a fome comendo ratos e o couro dos baús, mandou-lhes oferecer víveres e refrescos e participar que pelas armas queria vencer seus inimigos e não pela fome. Ouvindo esta ironia pungente, Afonso de Albuquerque mandou expor na tolda uma quartola de vinho e algum biscoito, que tinha reservado para os doentes, a fim de que os inimigos vissem que ainda não estavam na extrema penúria e respondeu aos embaixadores do Hidal-Kan o seguinte: Dizei ao vosso Senhor que eu lhe sou obrigado mas que não receberei os vossos presentes senão quando formos amigos.
Depois disto, como a frota de Albuquerque estivesse recebendo contínuo dano da artilharia da fortaleza, numa madrugada atacou denodadamente a guarnição, reforçada na noite antecedente com mais quinhentos homens e tomou a fortaleza matando cento e quarenta dos inimigos e perdendo apenas um dos seus, afogado no Mandovi.
No mesmo dia e ao mesmo tempo toma também de assalto o baluarte de Bardez – Reis Magos – e retira-se com a artilharia, munições de guerra e de boca, que encontrou em ambas as fortalezas, para quatro meses depois voltar a reconquistá-las em 25 de Novembro, dia de Santa Catarina.
O Conde da Ega foi o primeiro Vice-Rei que fixou a sua residência (em Dezembro de 1759) no palácio de Panjim, no qual continuaram e continuam a residir os seus sucessores.”
In A ÍNDIA PORTUGUEZA – breve descripção das possessões portuguesas na Ásia, Vol I, A. Lopes Mendes, pág. 97 e seg.; B.R. Publishing Corporation, Delhi, first published 1886, reprinted 2006