A RIQUEZA DO CENTRO-OESTE BRASILEIRO
No Parque Fernando Costa, todos os anos no inicio de Maio começa para o público em geral a Exposição de Gado Zebu de Uberaba. Nessa ocasião, a "Cidade Princesinha do Sertão" se engalana para receber gente de todo o país e até do estrangeiro que vem para apreciar, conhecer e negociar o gado do centro-oeste brasileiro.
Depois de uma verdadeira epopeia, que começou no inicio da colonização portuguesa com a introdução do gado vacum no Brasil (1534) por Ana Pimentel, esposa e procuradora Martim Afonso de Souza (donatário de S. Vicente), até finais do século XIX e inicio dos XX, com a importação de gado indiano pelos criadores do Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco e centro-oeste, hoje temos o maior rebanho comercial do mundo. Vendemos o nosso gado verde rastreado para mais de 140 países, inclusive para a exigente Comunidade Europeia.
País com grande variedade de tipos terra e clima, o Brasil possui desde exemplares de rebanho antigo (já adaptado à rusticidade local) o caracu, ao rebanho indiano (Bos Indicus -perfeitamente adaptado às terras secas e quentes do interior brasileiro) e europeu (Bos taurus- nas terras frias do sul) com suas variantes raciais, fruto de pesquisas, cruzamentos e trabalhos genéticos de especialistas brasileiros.
Expostos em baias abertas, escrupulosamente limpas e forradas com serragem, os animais recebem dos seus tratadores atenção VIP nas 24 horas do dia. Alimentação, banho e escovação diária, graxa preta nos chifres, pequenos passeios pela redondeza, até som ambiente para evitar o stress provocado pelo assédio constante dos visitantes. Flâmulas e placas festivas mostram os prémios na categoria, proprietários, origem e dados físico-genealógicos, tudo devidamente registado na ABCZ (Associação Brasileira de Criadores de Zebu). Os grandes reprodutores e matrizes leiteiras têm preços estratosféricos, sendo em geral comercializados o sémen ou parte do animal (produtos), não raras as vezes em consórcios, notificados em jornal. Os leilões nocturnos são verdadeiros shows à parte. Luzes coloridas, palco, purpurinas, holofotes, para o animal que desfila. Whisky, refrigerantes e salgadinhos para os participantes, compradores e convidados. O frenesi dos lances faz vibrar de emoção os leiloeiros e suas atraentes ajudantes.
Toda essa movimentação começou quando os fazendeiros do início do século passado conheceram melhor o zebu. Entusiasmados pela rusticidade, precocidade, peso e facilidade de maneio, acreditaram na potencialidade desse gado para a região. Venceram barreiras culturais, políticas, distancias e desconfianças, e importaram numerosos exemplares. Não mediram esforços, investiram em pesquisa e tecnologia. Foram precisos anos de observação, estudo, aprimoramento genético para chegar ao actual plantel . A mansidão do GIR, a resistência do NELORE, a altivez do GUZERA e de seus cruzamentos fazem a riqueza da pecuária do centro-oeste brasileiro.
Maria Eduarda Fagundes
Uberaba, 25/09/2010