O TURISMO NO DESENVOLVIMENTO DO SOTAVENTO ALGARVIO –IV
Nos artigos anteriores deixámos expresso o interesse na participação dos nossos leitores na discussão e no aprofundamento deste assunto que obviamente influencia a vida da maioria, digamos mesmo da totalidade da população do Sotavento.
O interesse e o nosso desejo de que isso acontecesse embora a minha experiência pessoal seja bastante negativa pois ao nossos concidadãos gostam muito de falar, e discutir mesmo, nos cafés e em casa ou onde der jeito mas participar activamente já é outra coisa ou melhor quase nada.
E de facto só tive um contacto de um leitor que me fez a pergunta seguinte: tem sido gasto bastante dinheiro com o programa ALLGARVE para tentar contrariar a baixa de procura por parte dos turistas mas como é que isso se encaixa nas sugestões que foram apresentadas nestes artigos e na perspectiva de uma subida de preço do petróleo que naturalmente vai fazer aumentar o custo das passagens de avião?
A pergunta é oportuna e revela uma preocupação legítima pelo que julgo importante, direi mesmo essencial responder-lhe tentando esclarecer um assunto que de facto é vital para o nosso desenvolvimento, mais exactamente para a nossa sobrevivência.
Com efeito a crise que agora nos aflige, isto é que aflige todo o mundo, é fundamentalmente uma fase da evolução caracterizada pelo aumento da população da Terra que era em 1900 cerca de 1 bilião e agora se aproxima dos 7 biliões, pela produção crescente de energia que é essencial para a vida em geral e para a comodidade e para o alto nível de vida em particular, quase toda assente na utilização de carvão e de petróleo.
Com especial incidência para este último por ser menos poluente e mais utilizável mas que atingiu já o máximo da capacidade de produção razão pela qual irá fatalmente ir aumentando o seu preço. Até porque conforme o seu preço vai subindo vão surgindo outras opções energéticas sempre mais caras mas algumas com potencialidades de menor impacto ambiental o que é mais um factor cada vez mais importante a considerar.
O conhecimento da evolução da humanidade face a choques do preço do petróleo começou a ganhar forma com o de 1972 mas nessa altura a população da terra era quase metade da actual e ainda não havia a consciência generalizada das consequências prováveis do aumento da produção de gases com efeito de estufa na vida da humanidade como hoje se verifica haver.
Para quem quer viver do turismo e dentro do que foi afirmado nos artigos anteriores o que interessa a toda a população afectada é que os turistas que nos visitem tenham a máxima capacidade de consumir bens e serviços que sejam fornecidos com a sua intervenção maximizada de forma a que o valor acrescentado que fica na região também seja maximizado.
Ora para se fazer um programa de dinamização da procura do destino Algarve e portanto também Sotavento há que definir que tipo de pessoas deverá ser abordado e quais serão as motivações que os farão decidir vir para cá passar férias ou trabalhar ou tratar-se ou viver.
O facto de haver a previsão de o custo das viagens ser mais alto só vem reforçar esta necessidade de gestão muito eficiente da publicidade e dos respectivos conteúdos.
Na verdade a lista dos conteúdos que veio publicada e que é apresentada em roteiros recentes não parece a mais efectiva pois certamente um aficionado por pesca desportiva, ou por fazer vela ou jogar golfe durante o inverno, ou caçar, ou fazer mergulho, que viva no norte da Europa, por exemplo, poderá considerar a vinda ao Algarve desde que o preço que lhe apresentem seja razoável e que tenha ofertas deste tipo com a qualidade indispensável.
Ora não tem sentido gastar dinheiro a oferecer danças populares e outras actividades que pouco ou nada influenciam a decisão favorável dos candidatos a turistas e não se vê investir por ventura menos que isso na promoção da qualidade do produto turístico que se oferece.
E isto não diz respeito apenas às entidades oficiais mas principalmente às particulares que não têm dado provas de entenderem que o rumo que têm seguido tem que ser alterado imediatamente se quiserem diminuir o desemprego dos trabalhadores e aumentar os lucros das suas empresas.
E por hoje ficamos aguardando mais participações.
José Carlos Gonçalves Viana