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A bem da Nação

Uma de rãs

 

Toda a gente conhece,

Se bem me parece,

A fábula da Rã que quis igualar em tamanho

O Boi, o que foi muito mal, por sinal

Para uma bichinha

Tão enfezadinha

- Coitadinha! -

Que não se apercebia

De que com isso ia

Deixar este Mundo, 

E parar ao Profundo,

E sem mais aquelas

Deixar as mazelas

Das várias querelas

Em que na sua vida

Andou entretida.

 

Assim nós

Bem nos esforçamos

Por parecermos

Do mesmo tamanho

Dos povos poderosos

Rasgando as várias vias

Das nossas vaidades

E atamancando

Razões, sem-razões,

Para podermos parecer

Tamanhos como eles.

E assim esticamos

Até rebentarmos. 

 

Eis de Fedro, a fábula

Desta pequena rábula:

   

“A Rã que rebentou e o Boi”

 

«O pobre, quando o poderoso quer imitar

Só pode o pernil esticar.

Num prado, um dia, uma Rã viu um Boi.

E tolhida de inveja por tanta grandeza

A sua pele rugosa se pôs a inchar;

Então aos filhotes decidiu inquirir

Se, ao Boi, em tamanho era superior.

Os trastes negaram e ela, de novo,

A pele esticou num esforço maior

E voltou a interrogar quem era o maior.

- O Boi, responderam, com ar enfadado.

Então, Com grande indignação,

Pôs-se a esticar com tanta certeza

Tanta firmeza,

Que ficou com o corpo rebentado,

Sem qualquer beleza.»

Eis, seguidamente,

A fábula de La Fontaine

Tão viva no original

E que a minha tradução liberal

Amorteceu, por meu mal.

Mas o fundo da questão

É que não é precisa explicação,

Por ser tudo tão evidente.

Tão evidente Infelizmente,

E saliente Para a gente:

 

A Rã que quer fazer-se tão grande como o Boi

 

«Uma Rã viu um Boi

Que lhe pareceu de bela estatura

Ela, que em tamanho

Não atingia mais do que a altura

De um ovo, invejosa

E de má catadura,

Incha, estende-se, esforça-se, viçosa,

Para igualar o animal em grossura,

Dizendo:

“Vede, minha irmã, com atenção;

É quanto basta? Dizei-me; ainda não cheguei lá?

- Ná! –Agora então? – Não! - Foi agora?

– Nem por sombras, ora!”

A frágil bestazinha

Inchou tanto que rebentou

 Arrasadinha, arrasadinha.

 

O mundo é cheio de pessoas

Que não são mais sensatas do que esta tolinha:

Todo o burguês quer construir

Como qualquer grande senhor:

Todo o principezinho

Precisa de embaixador,

Todo o marquês deseja manter

Pajens ao seu serviço,

Mesmo sem ter Posses para isso.»

 

Berta Brás

 

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