CURTINHAS Nº 77
PONTO DE ORDEM À MESA
De cada vez que ouvir funcionários públicos, funcionários de empresas públicas, funcionários de empresas de capitais públicos, funcionários de fundações constituídas e alimentadas com dinheiros públicos, sindicalistas e outros que tais a gritarem que não podem ser eles, sempre os mesmos, a suportar a saída da crise, levantar-me-ei para dizer bem alto:
- Não me endividei para comprar o que não podia pagar;
- Não foi por minha causa que os Bancos se endividaram no exterior até à ponta dos cabelos;
- O Estado não me deu emprego (nem sequer a misericórdia de um trabalho);
- O Estado não me pagou salários;
- O Estado não me fez a atenção de uma prestação social (que também não requeri);
- O Estado não cuidou de mim (porque felizmente não estive doente);
- A Justiça não me inspira confiança;
- Se tivesse filhos em idade escolar, benzer-me-ia porque o Estado não me dá o direito de escolher a escola que melhor me pareça;
- Em suma, nada recebi do Estado (e também nada pedi) - e não terá sido por minha causa que o Estado se endividou para lá do razoável;
- E vou pagar esta crise, como todos os demais, com língua de palmo;
- E faço-o na esperança (ténue, muito ténue) de que os sacrifícios que me esperam tenham algum préstimo.
Já agora, aproveitarei para esclarecer funcionários públicos, funcionários de empresas públicas, funcionários de empresas de capitais públicos, funcionários de fundações constituídas e alimentadas com dinheiros públicos, sindicalistas e outros que tais que quem tem pago crises e desvarios é, sempre e só, o contribuinte (onde eles também se incluem, naturalmente, na medida da carga fiscal que suportem).
Aqueles de Vosselências que estejam na mesma situação que eu, façam o favor de se pronunciarem.