NO ZIMBABUÉ CRISE É CRISE
Veemência convicta ou mero bluff?
Em substituição de um Power Point que não consigo reproduzir, faço uma pequena introdução ao texto do Dr. Miguel Allegro de Magalhães:
No Zimbabué a inflação chegou aos 231 milhões por cento. Imagina-se o que isso possa significar? Se no dia 1 de Janeiro um produto qualquer – o litro de leite, por exemplo – custava € 1,00 (um Euro), no final do ano esse mesmo produto custaria (segure-se, caro Leitor) algo como € 231.000.000,00 (duzentos e trinta e um milhões de Euros).
O que isto significa é isso mesmo: o descrédito da unidade monetária e o desprezo da moeda como instrumento de troca. Solução? A troca directa de bens como nos tempos anteriores à invenção da moeda com todos os inconvenientes, nomeadamente o incómodo de ir às compras ajoujado de mercadorias e voltar de lá com outras de valor talvez equivalente.
Henrique Salles da Fonseca
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Foi assim que a Alemanha, após 1ª guerra mundial, entrou na hiper-inflação (miséria, desemprego, etc.) 1919-23; foi assim que daí para a frente nunca mais quiseram ouvir falar em inflação; foi assim que criaram o DM (Deutsch Mark no pós 2ª guerra) como uma moeda forte; foi assim que só entraram para o Euro depois de garantias do BCE de que este seria uma moeda forte; foi assim que nasceram os critérios “Défice Público/PIB (3%) e Dívida Pública/PIB (60%)", foi assim que os Estados-Membro do Euro garantiram que recorreriam sempre ao financiamento (ficaram proibidos de emitir moeda, como o faz o Zimbabué) para cobrir os défices.
Até que... chegou a CRISE e: ou Grécia, Espanha, Irlanda e Portugal (os GEIP - PIGS em inglês), encontram na UE fiadores (quem os garanta contra a possibilidade de falência/incumprimento no pagamento da Dívida), ou chamam o FMI... ou a médio prazo estamos todos bem enrodilhados.
Porque duvido fortemente que o nosso país em quatro anos consiga reduzir o Défice para 3%. É que, mesmo financiados, iremos todos passar um GRANDE MAU BOCADO…
A Alemanha (e julgo que também a França) socorrerá os GEIP/PIGS, porque se o não fizerem deparam-se a prazo com a falência da União Monetária/Euro. Julgo que o farão sob a forma de garantias, cabendo às instituições financeiras "emprestarem o dinheiro necessário".
Os países mais frágeis do Euro (Portugal e Grécia, para começar), se não tiverem auxílio externo, recorrerão no futuro a soluções próprias, que envolverão o retorno às suas moedas, desvalorizações imediatas dessas moedas, restrições às IMPORTAÇÕES, AUMENTOS DE IMPOSTOS, etc. Enfim, o caminho seguro para a escassez, a baixa do nível de vida.
Espera-se que isto não aconteça, que haja bom senso e se comece por estudar já um plano a médio prazo de enorme redução da Despesa Pública – TGV, Aeroporto de Alcochete, fórmula de cálculo das pensões a continuar a rever em baixa, Educação a pagar (mais) em todos os escalões, Saúde Pública idem, idem, com revisão para cima das taxas moderadoras, excluindo pensionistas e dependentes. E por aí fora... tudo ao contrário do que se discute e propõe na Assembleia da República. É evidente que, quem quiser arriscar este "Programa de Salvação Portuguesa" arrisca-se a ter a sorte do Sidónio Pais.
Mas, se não formos nós a fazê-lo, outros o farão por nós.
Acompanhe-se a situação da Grécia…
Miguel Allegro de Magalhães