Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

A bem da Nação

POSTAIS ILUSTRADOS XXXVII

 

OS DOZE TRABALHOS DO PEC
 
 
Este texto pretende ser a primeira resposta, ainda que incompleta (falta a Regionalização), àqueles que, gentilmente, comentaram o meu texto anterior: O Postais Ilustrados XXXVI
Luís Santiago
 
 
 
O Pacto de Estabilidade e Crescimento está aí para nos “apontar” no caminho certo (?) do equilíbrio das contas públicas. Digamos que é o primeiro sintoma de um novo aparecimento do FMI na nossa vida económico-financeira, antes que entremos pela porta do colapso. Ainda falta algum tempo para que isso aconteça. Dois, três anos no máximo, poderemos, ainda, sobreviver na actual situação.
 
Diz-se por aí que à Comunidade Económica Internacional não interessa que colapsemos e que, tal como na realidade grega, nos deitará a mão. Não devemos aguardar pelo que nos está reservado se falharmos: que nos venham mandar na nossa casa e nos reduzam à condição de pedintes dependentes da caridade internacional; impondo-nos regras que nós devemos, se tivermos algum resquício de dignidade, impor a nós próprios.
 
Que diabo! Será uma situação humilhante, mas, inevitável se não formos capazes de tomar urgentes medidas de excepção.
 
As decisões mais importantes, sob o ponto de vista estrutural económico-financeiro[1] em minha opinião, deixo-as aqui expressas, para que sirvam, ao menos, como base de reflexão; a executar de imediato e a iniciar neste primeiro ano financeiro de 2010, a prolongar pelos próximos três anos, como medidas de carácter excepcional:
 
1ª – Iniciar a reorganização do Estado, a começar por cima, para dar o exemplo, reduzindo o número de Ministérios e Secretarias de Estado, todo o séquito ao redor dos gabinetes. Não são precisos tantos Ministros e Secretários de Estado, tantos assessores, tantas secretárias, tantos motoristas, tantos carros!!!... O factor numérico não interessa. O que interessa é a qualidade dos ministeriáveis e secretariáveis e dos que constituem as suas equipas de apoio;
 
2ª – Iniciar a reorganização política, começando por reduzir o número de deputados a 180, como aliás, consta da Constituição (art. 148º) e todo o séquito ao redor dos grupos parlamentares[2];
 
3ª – Em função das duas primeiras, reavaliar o OE no tocante às despesas sumptuárias e aquisições de luxo, em todas as despesas públicas, consideradas pura ostentação. O que é mais caro nem sempre corresponde a boa qualidade;
 
4ª – Iniciar a reorganização da Administração Pública Central, reduzindo o número de direcções-gerais, institutos públicos, empresas públicas, outsorcings que substituem as tarefas públicas, redefinindo e redistribuindo os objectivos e funções de cada serviço, eliminando a burocracia e as funções paralelas. Mudar os nomes aos vários serviços e deixar tudo na mesma não é reorganizar, nem reestruturar[3];
 
5ª – Iniciar a reorganização da Administração Pública Local, modernizando o conceito de autarquia, alargando a área geográfica da sua responsabilidade, reduzindo o número de Câmaras, alterando as premissas da organização geográfica e populacional de Distritos e Concelhos;
 
6ª - Reorganizar o sistema político, definindo novas regras eleitorais e, designadamente prazos entre eleições, apoios financeiros públicos aos partidos; liberalizando os apoios privados com novas regras de rigoroso escrutínio, estabelecendo, por lei, normas para a elaboração de listas de candidatos;
 
7ª – Descentralizar os grandes núcleos citadinos, promovendo a deslocalização para o interior do País, permitindo a reorganização dos tecidos industrial e comercial e, em consequência, do tecido económico, em paralelo com a institucionalização da regionalização;
 
8ª - Rever as grandes obras públicas, optando por obras de médio porte, como por exemplo, aumentar a capacidade do aeroporto de Lisboa, estabelecendo regras rigorosas e inultrapassáveis de penalização de derrapagens, quer financeiras, quer de prazos de execução em quaisquer obras ou serviços a prestar ao Estado;
 
9ª - Rever todo o Sistema Fiscal e a teia de impostos em que estamos enredados, que, apesar de alguns terem sido considerados “estúpidos” ainda subsistem. O IRS carece de ver alterados os tectos para efeitos de incidência e as respectivas taxas por método de aplicação progressiva; criando uma Polícia Fiscal com poderes de investigação específica, a eliminação dos tribunais de execução fiscal, passando as suas competências para os tribunais comuns;
 
10ª – Controlar os lucros, através de uma política de preços administrativos, para dominar a derrapagem da inflação;
 
11ª – Definir regras rigorosas para a acesso ao crédito ao consumo, para incentivar a poupança e proibir os aumentos de vencimentos a partir de um montante estimado e determinado e, com base nesse montante escalar os montantes atribuídos às reformas, para um melhor equilíbrio económico entre classes salariais; rever todos os apoios sociais a partir do subsídio de desemprego, eliminando e punindo, rigorosamente, as situações de aproveitamento e parasitismo. A população activa anda a trabalhar e a pagar o sustento de uns milhares (alguns precisam mesmo!) dos quais muitos se aproveitam da situação anárquica da fiscalização para viverem à custa do esforço dos que trabalham, verificando-se situações escandalosas em que os “subsidiados” recebem mais do que aqueles que trabalham efectivamente, com a agravante de estarem isentos de impostos, incluindo-se nesta vergonhosa realidade, emigrantes para quem o governo actual criou em Portugal um paraíso;
 
12ª – Estimular a poupança, incentivando os portugueses e o sector empresarial privado a adquirir títulos da dívida pública, em condições a estudar.
 
Estas medidas, terão carácter excepcional durante o período de recuperação económico-financeira.
 
 Luís Santiago
 


[1] - Incluem-se algumas medidas de conjuntura, como não podia deixar de ser
[2] - A existência e funcionamento da Assembleia da República, suporta-se em algumas verbas, que podem ser consultadas na Folha 372 do Diário da República nº 28 - I Série -, de 10 de Fevereiro de 2010, através da pagina www.dre.pt  – Resolução da AR nº 11/2010, e de que saliento apenas duas rubricas orçamentais:
Rubrica                          Descrição                                                                              milhões de €
12-02-05          Subvenções aos Partidos e Forças Políticas representadas na AR                16,98                                               
12-02-06          Subsídios Estatais para Campanhas Eleitorais                                                 73,72
 
Resumindo, a despesa total orçamentada é de 191,405 milhões de €, em que 90,700 milhões de €, praticamente metade do orçamento da AR, é para os Partidos e campanhas eleitorais.
 
[3] - Recordo aqui as reformas feitas na Primavera Marcelista, nomeadamente, na “reestruturação” da polícia política que só mudou de nome.
 

3 comentários

Comentar post

Mais sobre mim

foto do autor

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2007
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2006
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D
  248. 2005
  249. J
  250. F
  251. M
  252. A
  253. M
  254. J
  255. J
  256. A
  257. S
  258. O
  259. N
  260. D
  261. 2004
  262. J
  263. F
  264. M
  265. A
  266. M
  267. J
  268. J
  269. A
  270. S
  271. O
  272. N
  273. D