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A bem da Nação

A EDUCAÇÃO NA DEMOCRACIA

 

A minha amiga falou no Jardim:
- O Jardim deve estar de rastos.
Eu discordei:
- Quem pode estar de rastos são as pessoas que sofreram sob todos os modos. E o governo português vai levar a bolada que se recusava a partilhar.
E continuámos a falar na economia nacional também de rastos e com poucos restos já, que os rostos calam, a não ser para ajudar à esperança dos restantes rostos, com a oposição a gritar que é patranha essa do apoio à esperança, na ocultação de tanta verdade, de que se anda à procura sem resultado prático.
 
Mas debruçámo-nos sobre o DESTAK de 22/2, que colhemos na CGD. O artigo da página 2, de Filipa Estrela, continha informação sobre o livro “O Não também ajuda a crescer” de Maria Jesus Álava Reyes, de que transcrevo a síntese “Os principais erros dos pais” e “As regras fundamentais de educação”.
 
Eis os erros dos pais:
- Actuam como amigos. É importante que os pais sejam pais e não tentem ser colegas.
- Protegem excessivamente. Se lhes tiram a possibilidade de criar as próprias defesas, não vão ser capazes de vencer as dificuldades sozinhos.
- Favorecem o consumismo. Se desde pequenos lhes dão tudo o que pedem, não vão dar valor às coisas e às pessoas.
- O pai e a mãe não estão de acordo. Um progenitor não pode contradizer e desautorizar o outro na presença da criança.
Eis as regras:
- Aprender a observar a conduta;
- Aprender a actuar de forma imediata quando há alguma coisa importante;
- Assumir posições incómodas, como dizer não quando é preciso;
- Impor limites e regras, em função da idade;
- Ser mais perseverante do que as crianças;
- Saber usar o senso comum.
 
No mesmo Jornal vem a Editorial subscrita por Isabel Stilwell que transponho integralmente:

Maltratados pelos próprios filhos

“Há pais que são espancados, roubados e insultados pelos próprios filhos. Preferimos pensar que é mentira, um exagero, coisa de toxicodependentes desesperados ou de doentes mentais. Por outras palavras, o assunto é tabu. Os dados de uma linha de apoio a pais, a Parentline Plus, vieram agora revelar, através da BBC, que no Reino Unido há três pais por dia que se queixam de maus-tratos por parte dos seus filhos. Cerca de 90% dos agredidos são mães, de todas as classes sociais, e muitas confessam que têm medo de ficar em casa com o filho agressor.

O que se calhar o leitor não estava à espera, eu pelo menos não estava, é que estes filhos tivessem idades entre os zero e os 25 anos de idade, e que a maioria dos casos (60%) acontece com “criminosos” dos13 aos 18 anos. Nova surpresa: são as raparigas as mais violentas, ao ponto de usarem facas para ameaçar as mães e aquelas que recorrem aos piores insultos. “Ter uma filha violenta é o tabu dos tabus. Há mães que nem são capazes de o revelar à família próxima. Mas se analisarmos bem, é natural: as raparigas exteriorizam a sua frustração dentro de casa, os rapazes fazem-no no bar ou na rua” explica um dos especialistas da linha.
Mas se tudo isto choca, choca ainda mais quando se percebe que há queixas de mães de crianças com menos de três anos (são 11% as queixas de pais com filhos com menos de 9 anos!). A falta de autoridade é chocante e começa no berço, exclamam os especialistas ouvidos pela BBC. Estas mães, por alguma razão, são incapazes de colocar limites. “Convencidos de que têm a obrigação de amar os filhos incondicionalmente, aceitam ser tratadas sem qualquer respeito. Só quando as conseguimos fazer perceber que têm direitos é que começamos a ser capazes de as ajudar a reconstruir uma relação mais equilibrada, dizem os responsáveis pela Parentline. Mas deixam um aviso importante: é urgente apoiar estes pais, mas deixando claro que são responsáveis pela situação em que se encontram. E por sair dela.”

A
minha amiga naturalmente, concorda, e aponta o dedo aos media. Viu ontem um filme na TVI de uma violência estarrecedora com sangue, muito sangue, muitas armas, como exemplo para o actual encaminhamento educativo das crianças. E acrescenta:
- O menino, quando se irrita vai lá e mata a professora. O mundo virou sem educação.
Contou que o neto foi com o pai jogar com outros meninos da sua escola. No Algarve. Miúdos de 9 anos, os pais que se insultam, na defesa dos seus filhos nas evoluções do jogo, em versão menos cómica "Sr. Anastácio" / "Sr. Barata" no jogo de futebol do filme "O Leão da Estrela".
- Como é que aqueles miúdos são educados? E que professor nenhum se zangue com o filho deles, que eles vão lá e arrasam!

Falei também num e-mail de um professor francês indignado, que contou o caso dos meninos franceses de uma escola, os quais exigiram a expulsão da professora, por ter impedido um aluno de usar telemóvel na aula.

E explorámos assim a globalização da má criação, embora eu tivesse considerado o sistema democrático mais propenso a esse fenómeno, pelo incitamento à liberdade e ao gozo sem controlo das felicidades causadas pelo egoísmo e o consumismo materialista.
E a esse propósito citei um texto de Henrique Salles da Fonseca, no blog “A Bem da Nação”, que comentei. Era o texto “Outros Mundos” sobre a questão do significado da verdade, nos três tipos de verdade que cita: a material, axiomática, a espiritual, em função dos sentimentos, a verdade científica – falível – que resulta da congeminação humana. Eis o comentário:
O Homem é um ser de tal modo extraordinário que fez tudo isso, criando nomes convencionais para as coisas, criando termos de absoluto, relativamente aos conceitos de sentidos opostos – o Bem e o Mal, o Belo e o Feio, o Justo e o Injusto, a Sinceridade, a Falsidade... – criando explicações científicas como verdades em movimento... Conseguiu, assim, pensar em termos de abstracções de sentido universal, que codificou nos mitos, nas religiões... Acho espantoso isso, essas verdades do espírito, criadas desde as origens, que ajudaram a formar a razão humana num sentido de respeito – ou desprezo – pelos valores absolutos, dificilmente definíveis, mas que intuímos como algo a atingir ou a banir. Há quem apode ironicamente isso de radicalismo, de maniqueísmo, e semeie outras hipóteses mais confortáveis, de negação e fuga, por conveniência própria, semeando a dúvida, criando a incerteza, conduzindo à anarquia, à perda de dignidade, à opção de recusa dos tais valores que definiam o “honnête homme” clássico, porque os valores da materialidade se impuseram, a espiritualidade foi eliminada pela brutalidade, pela aceleração, pela ambição e o egoísmo.
 
Achei que o comentário vinha a propósito das nossas reflexões e dos textos citados sobre Educação.

A verdade em democracia? A que esconde as trafulhices que há longos anos se vêm cometendo entre nós – quem se lembra mais do caso Melancia? – e cujo deslindar fica no segredo do poder e da Justiça aliada a este?

A Democracia serve para eliminar a bitola dessa verdade criada pelos homens sobre valores absolutos, a coberto dos direitos de igualdade, liberdade e fraternidade, também por eles generosamente concebidos, na realidade todos esses direitos referenciados sob uma paleta de cinismo dos ambiciosos e dos poderosos.

E tudo isso tem a ver com Educação, uma verdade quase sem sentido já. Mau grado os dados construtivos do livro “O Não também ajuda a crescer”, que ambas subscrevemos integralmente.

Um livro destes traz um retorno da esperança. Esperança na mudança. Podemos mantê-la ainda? Os professores continuam a marcar passo, ao compasso das suas reuniões, que não ajudam à "especialização" nas matérias do seu foro docente e o empobrecem irremediavelmente.
 
O "tempo", a quarta dimensão subentendida no texto de Salles da Fonseca, se encarregará de revelar os efeitos perversos resultantes das actuais normas ministeriais de condução educativa.
 
Berta Brás
 

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