LIDO COM INTERESSE – 46
Título: O ÚLTIMO TÁVORA
Autor: José Norton
Editores: Livros d’Hoje – Publicações D. Quixote
Edição: 4ª, Maio de 2008
Da contracapa extraio que:
Quando os seus avós, os marqueses de Távora, subiram ao cadafalso de Belém, Pedro de Almeida Portugal era ainda um menino. Durante dezoito longos anos ainda ficou longe da família: o pai foi encarcerado no Forte da Junqueira e a mãe e irmãs fechadas no lúgubre Convento de Chelas.
Contudo, Pedro não se encontrava só! Na sombra, um homem poderoso velava pela educação daquele órfão do despotismo iluminado: Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro marquês de Pombal, ironicamente o carrasco que tinha perseguido a sua família...
Foi sob o signo de todas estas contradições que começou a vida do futuro 3º marquês de Alorna. Prisioneiro também ele do nome Távora e da sua condição aristocrática, protagonizou faz agora dois séculos os episódios políticos mais marcantes do seu tempo, nomeadamente a fuga da Corte para o Brasil e as Invasões Francesas. Um enredo de intrigas, maldições e invejas, durante muito tempo escondido no emaranhado da História e agora revelado, levou o marquês de Alorna e muitos outros companheiros a juntarem-se aos franceses, combatendo na Europa, participando na 3ª Invasão e partilhando o terrível destino do exército de Napoleão na campanha da Rússia.
O Último Távora promete envolver o leitor na vida desta figura marcante. Um livro que se lê como se fosse um romance e que permite compreender sem esforço um dos períodos mais conturbados e dramáticos da História de Portugal.
Lido com efectivo interesse até porque me fazia muita confusão como é que se podia louvar um português que participara numa das Invasões francesas, alinhando com o invasor napoleónico.
Mas ao ler sobre a loucura de D. Maria I, a evidente inépcia do regente D. João misturando razões pessoais com as de Estado, um Governo ideologicamente fracturado, uma Inglaterra cada vez mais exigente nas contrapartidas pela salvaguarda da soberania portuguesa perante o assédio espanhol e uma permanente degradação da operacionalidade do nosso Exército, compreende-se o desencanto de quem intimamente se lastimava de todas essas circunstâncias.
No final da leitura dá para nos perguntarmos: - O que teria eu feito naquelas circunstâncias?
E por que é que o Marquês de Alorna nos chegou como traidor? Porque a História é sempre contada pelo vencedor e o nosso protagonista «apostou no cavalo errado».
Uma correcção ao título do livro: D. Pedro de Almeida Portugal não foi o último Távora pois eu tenho um grande amigo, bem vivo e para durar, que se chama Miguel de Lancastre e Távora.
Lisboa, Fevereiro de 2010