ÉTICA LUSÓFONA E SENTIDO DE ESTADO – 5
Por tudo que antecede, parece urgente assentar naquilo que devemos apelidar de …
5. … EXIGÊNCIAS COMUNS DE UMA EDUCAÇÃO ÉTICA
Cada verdadeiro educador sabe que deve transmitir algo de si mesmo e que só assim pode ajudar os alunos a superarem egoísmos. Há na criança um grande desejo de saber e de compreender que se manifesta nas suas contínuas perguntas e pedidos de explicações. A educação reduz-se à dimensão de mera instrução quando se limita a dar noções e informações deixando de lado a grande pergunta que pode servir de orientação na vida: o que é o bem? E há que distinguir entre o bem individual, o bem plural e o bem nacional que servem para a vida dos governados, os contribuintes. Mas a essas dimensões do bem há que juntar o Sentido de Estado, ou seja, o bem a que devem obedecer os governantes, os contribuídos, a quem cumpre gerir a definição da causa comum, ou seja, o bem comum.
E se a causa comum resulta duma discussão democraticamente desenvolvida, ela tem que assentar em princípios morais que derivem linearmente do conceito de bem, tudo conjugado num edifício a que deveremos chamar política de base ética. Ou seja, no plano nacional, a Ética e o Sentido de Estado estão ligados numa relação íntima em que nenhum dos dois conceitos pode existir sem o outro.
Outra questão, aliás bem delicada, tem a ver com o equilíbrio entre a liberdade e a disciplina. Educação bem sucedida é a que dá formação para o recto uso da liberdade e as regras de comportamento, utilizadas no dia-a-dia, formam o carácter. Só um carácter bem formado permite aos jovens a preparação necessária para enfrentarem as vicissitudes que não faltarão ao longo da vida.
E é do disciplinado uso da liberdade que resulta com a maior naturalidade o sentido de responsabilidade, esse outro valor imprescindível para a harmonia e desenvolvimento social.
A responsabilidade começa por assumir uma dimensão individual e é partir dela que construímos a responsabilidade plural como membros de uma nação.
E as ideias, os estilos de vida, as leis, as orientações gerais da sociedade e a imagem que dela dão os meios de comunicação ao exercerem uma grande influência sobre todos nós – tanto para o bem como para o mal – impõem-nos que devamos cuidar da formação das novas gerações de modo a que elas saibam com exactidão distinguir entre o que devem escolher e o que devem rejeitar, sem se deixarem influenciar por motivações menos transparentes dos fazedores de opinião pública tantas vezes a soldo de interesses mais sinuosos do que aquilo que queremos para os nossos.
(continua)
Bragança, 2 de Outubro de 2008 – VII Encontro da Lusofonia