"Diálogo" com o Professor Jacinto Nunes sobre a EDUCAÇÃO
Caro Professor Jacinto Nunes,
A facilidade com que hoje se enviam e divulgam e-mails pode atenuar, um pouco, a “assimetria” da Televisão, em que alguns (poucos, e com frequência demasiado repetidos) falam e comentam a actualidade para milhões de telespectadores que dificilmente podem transmitir a sua opinião aos que vêem e ouvem falar.
Ontem, num breve momento em que tive a televisão ligada, ouvi-o dizer que, sem minimizar o problema das avaliações dos professores, o problema fundamental da Educação era o do conteúdo dos cursos.
Se o tivesse ouvido dizer o mesmo numa sala, ter-lhe-ia transmitido a minha concordância, mas ter-lhe-ia também feito a pergunta:
- Como é que o Professor Jacinto Nunes considera que deve ser abordado o problema do conteúdo dos cursos?
(Fixemos neste momento a atenção sobre os cursos do Secundário.)
Criando o Ministério comissões de “sábios”? E quem é que os vai escolher?
Convidando peritos estrangeiros que ignorem tudo o que de bom e muito bom já foi feito em Portugal?
Confiando o assunto a “cientistas” da Educação, que se auto promovem uns aos outros?
Eu tenho uma proposta que julgo viável e que (com pouco êxito) tenho procurado discutir: o Ministério, partindo dos programas actuais sem grandes alterações, decidiria que a matéria correspondente a estes programas, e sobre a qual haveria exames nacionais, corresponderia só a 2/3 das aulas; quanto ao outro terço, os professores, no âmbito das suas disciplinas, seriam livres de ensinar a matéria que entendessem, com os métodos e os modos de avaliação que entendessem, sendo, no entanto, obrigados a apresentar o programa e um relatório destas aulas, e a indicar os elementos de estudos que seriam fortemente encorajados a elaborar individual, ou colectivamente.
Estou persuadido que uma medida como esta, que não exige despesas adicionais, pode alterar radicalmente o Ensino Secundário de Portugal e de qualquer outro país que a adopte. (Escrevi um texto sobre este assunto que pode ser encontrado em, www.apagina.pt nos arquivos electrónicos do jornal “A Página”).
No que diz respeito à avaliação dos professores, um elemento importante para avaliar a sua criatividade, capacidade e bom senso, seria o modo como preparassem as aulas de sua iniciativa.
A prazo, o Ministério poderia encarregar professores escolhidos por processos que tivessem em conta estes elementos para, dum modo regular e contínuo, melhorarem os programas correspondentes a 2/3 das aulas que lhe competiria definir.
O tema da Cimeira Ibero Americana que se vai realizar no próximo ano, na Argentina, vai ser a Educação. Pensei que, neste momento, o contributo que podia dar para estimular um debate que me parece necessário para Portugal lá poder aparecer com propostas válidas e inovadoras seria, enviar-lhe um e-mail como este, que vou divulgar e, em particular, transmitir à Senhora Ministra da Educação.
Dei-lhe a forma de um “diálogo” consigo. Penso que compreenderá.
Com os meus melhores cumprimentos e elevada consideração, subscrevo-me,
5 de Dezembro de 2009
