LUSOFONIA – 6
UM CONVITE AO SIGNIFICADO
O DESTINO– 2
Logo que se dê um pão a quem nunca o teve, logo há-de querer um chouriço. E disso bem estão cientes os dirigentes que tão bem vêm explorando a insatisfação, a reivindicação e a inveja das massas populares. Os próprios órgãos da comunicação vivem desse mesmo filão sem quererem notar que se transformaram no “coito dos bufos” acautelados pelo segredo profissional. Lembram a Inquisição acautelada pelo segredo do confessionário.
Assente a poeira nos caminhos, constata-se com amargura que “em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”. Hoje, como no séc. XV. E se tivéramos um modelo de desenvolvimento de lógica imperial e mercantilista, rapidamente constatámos que nada sabíamos por nós próprios fazer e que era chegado o momento de esmolar. E é precisamente isso que a Europa vem fazendo: dar-nos as esmolas que sublimamos com o faustoso apelido de Quadros Comunitários de Apoio.
Mas diz-se por aí que 2013 é o limite dessas esmolas. Ou seja, a partir dessa altura vamos ter mesmo que fazer alguma coisa de jeito.
E se Friedrich List (1789 – 1846) se suicidou aos 57 anos em pura antevisão do insucesso internacional das suas ideias (de que a integração só se pode fazer entre quem esteja num mesmo patamar de desenvolvimento) e, pelo contrário,
Milton Friedman (1912 - 2006) tenha morrido aos 94 anos e em plena glória (pugnando pela globalização como ela se está a processar), isso não obsta a que o primeiro tivesse a razão dos pobres e o segundo a dos ricos.
Eis como neste cenário friedmaniano se nos impõe afinal o regresso bem rápido à primazia dos bens transaccionáveis como “pão para a boca” em que – bem àquem da imagem parabólica – o mar se revela como sendo de novo o nosso destino.
Como há cinco séculos.
Bragança, 5 de Outubro de 2007 – VI Encontro da Lusofonia