Para Sobreviver
Monumento ao Emigrante em São Miguel, Açores
Parece sina, mas para sobreviver, o Português tem que migrar!
No passado para não sucumbir nos lançamos ao mar e agora para onde devemos nos atirar? O que podemos dominar? O que podemos fazer para continuar a existir?
Talvez, quem sabe, pelas origens miscigenadas, místicas e belicistas, somos um povo inquieto, que gosta mais de se movimentar, de arriscar, de experimentar, de ver como é de perto! Não temos a virtude oriental para o exercício da mente, o espírito fleumático saxónio para a pesquisa, a introspecção grega para a filosofia, o fanatismo deísta do muçulmano, a visão "umbelical" do americano, a paciência monástica para o desenvolvimento lento, educado, organizado, estudado. Gostamos de resultados, de preferência imediatos!
Temos que encarar as nossas tendências, canalizá-las de um modo correcto. Temos que reaprender a desenvolver as nossas qualidades e a domesticar os nossos defeitos. É assim que começa a verdadeira independência.
Mas me pergunto, com muito receio:
Será que a nova geração portuguesa ainda tem na mente a suficiente identidade e no coração o brio para tentar subsistir como um povo autónomo, dono de si e da sua consciência?
Almas Cativas
(Antero do Quental, Sonetos)
E eu entendo a vossa língua estranha,
Vozes do mar, da selva, da montanha...
Almas irmãs da minha, almas cativas!
Maria Eduarda Fagundes
Uberaba, 29 de Novembro de 2009