LUSOFONIA – 3
UM CONVITE AO SIGNIFICADO
A DIÁSPORA
A cultura portuguesa tem hoje uma dimensão universal pois tivemos que nos fazer à vida – e ao mundo – para ganharmos a dimensão necessária à salvaguarda da Soberania Nacional. E essa dimensão universal desmaterializou-se pois subsiste mesmo já depois de confinados ao território permitido.
Assim, foi pensando em Pasárgada que construímos um Império mas foi na realidade da vida que mantivemos a nostalgia da terra natal, ela também entretanto miragem do lugar longínquo, lura para o regresso sonhado.
Eis o caminho da diáspora e o do regresso, o sentimento do centro, o culto da origem, a que ganha dimensão com a periferia. Assim andam os portugueses numa permanente peregrinação entre lá e cá.
E donde vem esse “formigueiro” que nunca nos deixa parar?
Se o povoamento da Europa se fez a partir do Levante como rezam as crónicas, das hordas que chegaram da Ásia seguindo a rota do Sol foram-se uns quantos fixando no caminho e seguindo em frente os demais. Ficavam os que entendiam que para eles bastava de aventura; seguiam os que queriam mais ou que não se acomodavam às normas sedentárias entretanto estabelecidas. Sede de aventura e inconformismo dá uma mistura que não é compatível com a pacatez dos sossegados. E se isto foi acontecendo ao longo dos milhares de léguas que distam da foz do Danúbio ao Cabo da Roca, fácil será compreender o grau de apuramento a que a dita mistura levou os que alcançaram o extremo ocidental e se debruçaram das arribas sobre o mar, nesta parte do mundo a que nos tempos megalíticos chamariam Ofiuza, a terra da serpente.
Aqui, onde a terra acaba e o mar começa...
Talvez seja esta a explicação para o queixume do romano Augusto quando se lastimava de que cá nos confins da Ibéria havia um povo que não se governava nem se deixava governar…
(continua)
Bragança, 5 de Outubro de 2007 – VI Encontro da Lusofonia