PORTUGAL, UM ÍCONE MUNDIAL - 4
UM PAÍS DE MISSÃO
CRIADORES E INTÉRPRETES DA ALMA LUSA
7. Às vezes as pessoas entram em crise de identidade. Querem desvendar mistérios. Querem saber mais, ir mais fundo. Captar o sentido da vida e do mundo.
Sou cidadão do mundo, com todas as suas complexidades, pluralidades e paradoxias.
Mas o que eu queria saber é por que tantos têm um carinho especial por “esse pedaço de terra”, na parte mais ocidental da Europa, de frente para o mar... aclamado como “Jardim da Europa”.
Repito que gostaria de não ter nascido neste país, para não o amar por obrigação, mas por devoção, por conhecimento e amplitude de visão e para poder dar um testemunho por vivência e convicção.
Por outro lado, acho isto uma sem-razão, pois não somos nós que escolhemos o nosso lugar para nascer.
Nascer em certos lugares é mais que uma eventualidade, é uma missão.
8. Por que este país merece tanto respeito, carinho e amor, de tanta gente de destaque e de visão, do mundo inteiro, há tantos séculos? Abra os ouvidos e escute; abra os olhos e leia, solte a língua e fale.
· Por que Camões produziu essa prodigiosa obra: “Os Lusíadas”, cantando o País e sua Gente, seus Feitos e o seu Futuro? Só um grande país poderia despertar tão grande amor, num mortal genial:
“Para tão grande amor tão curta a vida”
No final do Poema, Camões celebra a tarefa, preocupado, dando a missão por cumprida:
“Não mais musa, não mais,
que a lira tenho destemperada
e a voz enrouquecida”
· Por que Vieira produziu alguns de seus Sermões monumentais, para exaltar o seu país, se no próprio país recebeu tantos revezes? Por que colou, à imagem de Portugal, o mito fantástico do V Império, como a missão matricial de seu país?
“O português tem Portugal para nascer
E o mundo inteiro para viver”
· Por que Fernando Pessoa dedicou poemas e meditações tão profundas e monumentais ao seu País, elevando-o aos píncaros das estrelas?
“A Europa (...)
Fita, com olhar esfíngico e fatal,
O Ocidente, futuro do passado.
O rosto com que fita é Portugal”
Pessoa dá-nos também o lado trágico do País, ao glorificá-lo:
“Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal ”
É o próprio Pessoa que nos revela as dimensões da “Pátria”, nos quatro cantos do mundo:
“Nossa Pátria é a Língua Portuguesa”
Afirmo, com lealdade: não me consta que Camões, Vieira e Pessoa sejam pessoas sentimentais, de parco conhecimento e deficitária inteligência.
Mas porque não ouvir também as lições de Teixeira de Pacoaes, de Agostinho da Silva, e de tantos mais?
(continua)
Setembro de 2009