SERVIÇO DA REPÚBLICA
S R
«(...) a República não mereceria
os melhores desta geração por
não se sentirem estes respeitados
nem reconhecidos, o que teria por
consequência o recusarem-se a
continuar a entregarem os seus
méritos e esforços à Nação.»
(Adriano Moreira, entrevista a Mário Crespo)
O Professor tem expressões interessantes que habitualmente exigem uma segunda leitura para cabal entendimento. Se lido é assim, ouvido exige muita atenção – a tal que impunha o silêncio no hemiciclo parlamentar quando subia à tribuna dos oradores – para não se perder o fio à meada. Sólido e substancial não é, contudo, límpido.
Da frase proferida entendo que gente de bem não se disponibiliza para a mistura com os vulgares profissionais de serviço à República. Tenho a ideia como boa.
Também tenho a República como boa e a actual ausência de Ética como má. Mas esta ausência nada tem a ver com o Regime. Tem, isso sim, com o pós-modernismo em que desgraçada e globalmente caímos. E ao anularem a Ética também mataram o futuro. Os modernistas foram os últimos que tiveram futuro. Os pós-modernistas veneram a Deusa Hedone e seu esposo US Dólar. Julgam-se ilustres mas não passam de vaidosos; julgam-se ricos mas vivem do crédito que os crédulos lhes conferem; julgam-se predestinados para o desempenho de uma missão que gerem a cada momento que passa sem uma perspectiva de futuro, o tal que mataram pois mais não lhes interessa do que o momento presente.
Na praça pública rareiam hoje os valorosos e pululam os banais. E não só no âmbito do vulgarizado debate político – prenhe de insultos, acusações, dislates e presumidas corrupções ao mesmo tempo que virgem de ideias novas ou de Sentido de Estado – mas na vida cá fora também.
Solução? Reponha-se a Ética – que é a questão dos factos – já que pedir Moral, a questão dos princípios, é demais para quem paira longe dessas alturas. Pode ser que então os valorosos se dignem servir a Nação. Se uns e outra ainda houver…
Lisboa, Setembro de 2009