POSTAIS ILUSTRADOS XXIII
TEOLOGIA DA ECONOMIA II
Parte III
TUDO E NADA
(Continuação)
“Deus é puríssima essência.
Para os que têm fé nele,
Deus simplesmente é”
Mathma Gandhi
Quero, em primeiro lugar, agradecer os comentários que me foram feitos no texto anterior, e que suscitariam vários artigos sobre estes. Mas creio que os resumirei a todos com um pensamento de Mathma Gandhi ”Se queremosprogredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma histórianova”. E é disso que se trata! Aos pensadores, os profetas da era moderna, cumpre dar livre curso às ideias e sonhos; aos Homens de acção cumpre agir.
Mas, a acção é muito mais lenta e demora muitíssimo mais tempo a reagir e a tornar realidade as profecias. Nos dias de hoje, a Palavra acontece e espalha-se velozmente! Resta-nos esperar que o desenvolvimento e descoberta de novas tecnologias ponham em pé novos edifícios económico-políticos e sociais que procurem abrigar novos conceitos de humanismo e integridade comportamental.
Nesta Parte (III) e recapitulando o que escrevi nas linhas de último período do texto anterior, ainda falarei de vendedores de mitos e receitas milagrosas que proliferam por aí, como moscas, em livros vendidos aos milhares. Mas, antes disso, inclino-me perante a genialidade de John Steinbeck [1], que através de 2 livros fabulosos [2], nos retrata a sociedade americana, na era da Grande Depressão. Tomei contacto com este escritor americano, por tê-lo lido no meu primeiro ano da Faculdade de Direito, ao ter sido referenciado pelo Senhor Professor Marcelo Caetano no Manual de Ciência Política e Direito Constitucional [3]. Mas, abordarei ainda algumas das palavras de Bento XVI, para terminar as referências à Encíclica e chegar a conclusões numa IV Parte, onde aproveitarei para analisar, mais especificamente, os comentários que me foram sendo feitos ao longo desta série de textos sobre a Encíclica Caritas in Veritate.
Ora, ao longo de seis capítulos o Papa percorre a sociedade humana, reportando-se ao seu desenvolvimento e ao uso da tecnologia; à inter ajuda dos membros desta sociedade humana como Família Global; aos direitos e deveres [4]; à fraternidade; ao nosso tempo e ao ambiente [5]. Fiquemo-nos por agora, com a palavra de Bento XVI:
“Perante o crescimento incessante da interdependência mundial, sente-se imenso — mesmo no meio de uma recessão igualmente mundial — a urgência de uma reforma quer da Organização das Nações Unidas quer da arquitectura económica e financeirainternacional, para que seja possível uma real concretização do conceito de família de nações. De igual modo sente-se a urgência de encontrar formas inovadoras para actuar o princípio da responsabilidade de proteger e para atribuir também às nações mais pobres uma voz eficaz nas decisões comuns. Isto revela-se necessário precisamente no âmbito de um ordenamento político, jurídico e económico que incremente e guie a colaboração internacional para o desenvolvimento solidário de todos os povos.” [6].
O espaço obrigou-me a deixar o lucro e a espessura humana dosproblemas para o próximo e último texto desta III Parte.
(Continua)
[1] Prémio Pulitzer, pelo romance Vinhas da Ira, editado em 14 de Abril de 1939;
[2] The Grapes of Wratth: As “Vinhas da Ira”; Of Mice and Man: “De Ratos e Homens”;
[3] “No romance de Jonh Steinbeck, As Vinhas da Ira, há, no capítulo 17, uma sugestiva descrição do modo como, num comboio de emigrantes para o oeste americano, espontâneamente se iam formando as convenções sociais, as regras de conduta e as sanções, sob pressão da simples necessidade da vida em comum” “Manual de Ciência Política e Direito Constitucional”, pág. 4, nota em rodapé, Tomo I, 6ª Edição, reimpressão de 1972, Coimbra Editora;
[4] “Hoje muitas das pessoas tendem a alimentar a pretensão de que não devem nada a ninguém, a não ser a si mesmas. Considerando ser titulares só de direitos... os direitos pressupõem deveres, sem os quais o seu exercício se transforma em arbítrio”. Encíclica Caritas in Veritate, Capítulo IV DESENVOLVIMENTO DOS POVOS, DIREITOS E DEVERES, AMBIENTE, Ponto 43;
[5] “As modalidades com que o homem trata o ambiente influem sobre as modalidades com que se trata a si mesmo, e vice-versa. Isto chama a sociedade actual a uma séria revisão do seu estilo de vida que, em muitas partes do mundo, pende para o hedonismo e o consumismo, sem olhar aos danos que daí derivam. É necessária uma real mudança de mentalidade que nos induza a adoptar novos estilos de vida, nos quais a busca do verdadeiro, do belo e do bom e a comunhão com os outros homens para um crescimento comum sejam os elementos que determinam as opções dos consumos, das poupanças e dos investimentos”, idem, Ponto 51;
[6] Ibidem, Ponto 67, Capítulo V – A COLABORAÇÃO DE FAMÍLIA HUMANA.