LIDO COM INTERESSE – 44
Título: Dona Brites – UMA MULHER DA CASA DE
AVIS
Autora: Maria Odete Sequeira Martins
Editores: QUIDNOVI
Edição: 1ª, Abril de 2009
Do tamanho de um livrinho, tem apenas 92 páginas de texto, 19 de anexos e 6 de Bibliografia mas merece menção da Academia Portuguesa de História.
Aturada investigação sobre a vida e personalidade de uma figura praticamente desconhecida do grande público e até por interessados na História de Portugal, faz-nos atravessar uma época em que pontificaram personalidades tão importantes como D. João I, D. Duarte, o regente Infante D. Pedro, D. Afonso V, D. João II e D. Manuel I.
D. Brites era neta de D. Nuno Álvares Pereira, nora de D. João I, sogra de D. João II, tia de Isabel a católica de Castela e Aragão e mãe de D. Manuel I. Nada disto seria importante se, ao uso da época, ela se limitasse a ser esposa e mãe (de 9 filhos dos quais 4 não chegaram à idade adulta) mas, enviuvando precocemente, assumiu a chefia da sua própria Casa, a de Beja e Viseu e não hesitou em se envolver na política sempre que lhe pareceu oportuno ou quando o rei lho requereu.
Senhora de opinião própria, Infanta de Portugal e Duquesa de Beja, negociou com a sobrinha Isabel de Castela o que veio a ficar na História como o Tratado das Alcáçovas de 1479 ao abrigo do qual as Canárias passavam para o domínio castelhano mas em contrapartida do que daí para Sul tudo era português. Para se ter uma ideia da importância deste tipo de negociações basta recordar que foi deste Tratado que veio a surgir o de Tordesilhas. E foi D. Brites que negociou a primeira fase deste imperioso processo.
Por desconhecimento de provas documentais, resta muita especulação sobre o envolvimento que tenha tido na organização do primeiro atentado contra D. João II do que resultou o assassinato do Duque de Viseu (seu filho) às mãos do próprio rei.
Mas a Autora é historiadora e não envereda por especulações. Ao leitor, a imaginação.
Julho de 2009
