DESTRUIÇÃO FISCAL
António é um quadro técnico da máxima qualidade, especialista no que quer que seja. Um daqueles tipos que são muito valiosos por serem muito espertos, muito inteligentes e muito trabalhadores, muito dedicados e muito sensatos, absolutamente geniais e muito do que quer que seja.
O António não tem empresas, não recebe dividendos, não herdou, não tem aplicações financeiras de milhões, não é proprietário de imóveis, não acede a private banking, não tem contas nas Ilhas Caimão, não tem pais ricos e nunca foi a Gibraltar. O António entrega a sua declaração de IRS em Março. Não tem nenhum rendimento para lá do seu ordenado.
No recibo de vencimento do António pode ler-se o montante de 4.300 Euros mensais brutos a que acresce subsídio de refeição. (Nota: 4.300*14=60.200).
O António é invejado por muitas empresas. Andam por aí umas multinacionais que não se importavam nada de o ir buscar e as head-hunters fazem-lhe propostas sedutoras. Pagam-lhe mais, se ele quiser ir para Espanha ou para os EUA.
O Dr. Silva, patrão do António, não o quer perder. Faz contas e decide premiar o esforço e a dedicação do seu melhor técnico atribuindo ao pacote salarial do António mais 10.000 Euros por ano.
O António fica muito feliz. 10.000 Euros por ano parece muito bom. Mas depois faz contas.
1. 10.000 Euros a dividir por 14 meses = 714 Euros/mês.
2. Taxa Social Única suportada pela empresa = 136 Euros/mês.
3. Taxa Social Única suportada pela empresa mas atribuída ao António = 64 Euros/mês.
O António não tem empresas, não recebe dividendos, não herdou, não tem aplicações financeiras de milhões, não é proprietário de imóveis, não acede a private banking, não tem contas nas Ilhas Caimão, não tem pais ricos e nunca foi a Gibraltar. O António entrega a sua declaração de IRS em Março. Não tem nenhum rendimento para lá do seu ordenado.
No recibo de vencimento do António pode ler-se o montante de 4.300 Euros mensais brutos a que acresce subsídio de refeição. (Nota: 4.300*14=60.200).
O António é invejado por muitas empresas. Andam por aí umas multinacionais que não se importavam nada de o ir buscar e as head-hunters fazem-lhe propostas sedutoras. Pagam-lhe mais, se ele quiser ir para Espanha ou para os EUA.
O Dr. Silva, patrão do António, não o quer perder. Faz contas e decide premiar o esforço e a dedicação do seu melhor técnico atribuindo ao pacote salarial do António mais 10.000 Euros por ano.
O António fica muito feliz. 10.000 Euros por ano parece muito bom. Mas depois faz contas.
1. 10.000 Euros a dividir por 14 meses = 714 Euros/mês.
2. Taxa Social Única suportada pela empresa = 136 Euros/mês.
3. Taxa Social Única suportada pela empresa mas atribuída ao António = 64 Euros/mês.
4. IRS marginal (escalão dos 42%) = 234 Euros/mês.
5. Imposto de Selo = 3 Euros
Sobram ao António 269 Euros/mês que lhe permitirão adquirir 226 Euros de produtos com IVA a 21% excluindo, portanto, álcool, tabaco, combustíveis ou automóveis.
Feitas as contas, para o Dr. Silva «agarrar» o António, por cada 31,5 Euros que lhe der a mais, tem que alimentar o monstruoso Fisco com 68,5 Euros. É mais do dobro. Dos 10.000 Euros, nem sequer 1/3 são para premiar o António. Há quem ache que isto está bem, que é assim que deve ser...
Mas não é. Trata-se apenas da institucionalização do absurdo, da destruição da Economia pela via fiscal.
Final da história: O António vai trabalhar para Espanha. A nova empresa para que ele agora trabalha abre uma delegação em Portugal e conquista metade da quota de mercado da empresa do Dr. Silva que é obrigado a despedir 50 trabalhadores. Para protestar contra os despedimentos, o Sindicato organiza greves e estoira de vez com a empresa. O Dr. Silva, cansado, vende as acções a uma multinacional coreana e protege os dinheiros recebidos numa offshore bem longe de Portugal. Os coreanos encerram a produção em Portugal e passam a importar todos os produtos da Coreia e da China. Para fazer face às crescentes necessidades das políticas sociais e ao aumento de desemprego, o Governo aumenta o IVA para 23% e cria um novo escalão marginal de IRS de 48%.
Sobram ao António 269 Euros/mês que lhe permitirão adquirir 226 Euros de produtos com IVA a 21% excluindo, portanto, álcool, tabaco, combustíveis ou automóveis.
Feitas as contas, para o Dr. Silva «agarrar» o António, por cada 31,5 Euros que lhe der a mais, tem que alimentar o monstruoso Fisco com 68,5 Euros. É mais do dobro. Dos 10.000 Euros, nem sequer 1/3 são para premiar o António. Há quem ache que isto está bem, que é assim que deve ser...
Mas não é. Trata-se apenas da institucionalização do absurdo, da destruição da Economia pela via fiscal.
Final da história: O António vai trabalhar para Espanha. A nova empresa para que ele agora trabalha abre uma delegação em Portugal e conquista metade da quota de mercado da empresa do Dr. Silva que é obrigado a despedir 50 trabalhadores. Para protestar contra os despedimentos, o Sindicato organiza greves e estoira de vez com a empresa. O Dr. Silva, cansado, vende as acções a uma multinacional coreana e protege os dinheiros recebidos numa offshore bem longe de Portugal. Os coreanos encerram a produção em Portugal e passam a importar todos os produtos da Coreia e da China. Para fazer face às crescentes necessidades das políticas sociais e ao aumento de desemprego, o Governo aumenta o IVA para 23% e cria um novo escalão marginal de IRS de 48%.
Seguem-se histórias semelhantes com outros protagonistas mas todos submetidos a fiscalistas da mesma «escola».
Autor desconhecido
Recebido por e-mail