Pensamentos matinais (1) - 5
O político é uma pessoa que afirma que tem razão, e mais não diz: - tem sempre razão. O cultor da Ciência Política, por seu turno, é uma pessoa que sabe que erra e procura aprender com os seus erros. A preocupação de ter sempre razão não é científica. O cientista sabe que o erro é a única forma de aprender e assume-o. Quer saber o que é insuficiente ou deficiente na sua metodologia. Aquele que apregoa a sua certeza poderá ou não convencer os outros mas acaba inevitavelmente por se convencer a si próprio. O exercício da política traduz-se pois por um exercício de auto-sugestão e, como tal, é perigosíssimo. O auto-enganado tem nas mãos alavancas de comando por vezes poderosíssimas. (exemplo: Bush/ Iraque).
Dizia Sun Tzu que o que melhor governa é o que menos governa. Será assim talvez porque o que menos governa é o que menos se engana.
As coisas evoluem porém ao arrepio da sabedoria do estratega chinês (se é que ele existiu). O Estado apodera-se gradualmente dos centros decisórios da sociedade civil. Até na livre América, a saúde pública está em vésperas de estatização, os bancos estão cada vez mais submetidos a apertado controlo estatal, e a General Motors, símbolo dos símbolos da capacidade dinâmica da iniciativa privada, pede ao Estado que a salve da falência! Lá vai o tempo em que um político proposto para Secretário da Defesa declarou no Congresso que se recusava a cumprir a praxe de vender as acções de General Motors, fornecedora do Departamento da Defesa, porque, alegou, «o que é bom para General Motors é bom para os Estados Unidos». Agora, dá-se o contrário. Só os EUA podem salvar a General Motors. E será bom que salve?
A dimensão do governo cresce e o peso da a sociedade civil reduz-se constantemente. E nós, os comuns dos mortais, privados de alternativas, ficamos nas mãos de gente que se engana e nada aprende com seus erros, ou seja, os políticos.
É angustiante.
28 de Junho