DIÁLOGO CIVILIZACIONAL
Neste país, a idade da pessoa mede-se pelo número de horas que passa regularmente nas salas de espera dos consultórios médicos. Aqui há dias, dois reformados da carreira diplomática encontraram-se num desses purgatórios e, como é próprio da sua condição, foram matando o tempo presente com lembranças do tempo passado. Falavam assim:
…
U – E, portanto, terminaste a tua carreira em Viena de Áustria. Ficaste contente?
O – Sim. A Áustria é o país mais civilizado do mundo. Foi uma grande oportunidade. Atingi o topo civilizacional.
U – Curioso! Eu então considero o Brasil o país mais civilizado do Mundo.
O – Olha, na Áustria os médicos não fazem esperar o doente. Se tal acontecer, o médico continua obrigado a dar consulta mas perde o direito de cobrar honorários.
U – Abençoado país esse. Mas há que distinguir entre organizado e civilizado. Eu considero o Brasil o mais civilizado de todos os países porque ali o convívio social se desenvolve com um mínimo de constrangimento. A ideia do pecado foi abolida logo de início e.... pelos jesuítas. Nem mais.
O – Julgo saber, e concordar com, os atractivos e razões que embelezam a tua dama. Tivesse eu com ela convivido não me custaria a partilhar a tua crença. A defesa da minha dama "germânica" é mais difusa por abrangente de países e modos de vida bem diferentes mas ligados pelo mesmo fio. É isso: Como disse, trata-se de uma questão civilizacional.
U – Vejo que ficaste mestre na arte da comunicação não informativa, arte que nada tem de germânico. Configura mais uma deformação profissional. Será o caso?
O – Talvez, dubitando ad veritatem pervenimus
14 de Maio de 09
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Luís Soares de Oliveira