PENSAMENTOS MATINAIS - 2
O Homem e a História
No exame dos fenómenos históricos, o Ocidental procura insistentemente “o culpado das coisas”. O Oriental, sobretudo o de influência zeno-budista, nunca o faz porque sabe, à priori, que ninguém é culpado. As coisas são resultado de outras coisas e inter-reagem, isto é, produzem efeitos modificadores nas outras coisas e registam elas próprias modificações por efeito alheio. O homem, quando intervêm, fá-lo como reacção aos acontecimentos e condicionado pelas circunstâncias. Dir-se-ia que, diferentemente das restantes coisas, introduz no processo o elemento racional. Porém, o papel da razão é diminuto. A tónica da leitura humana dos processos históricos é predominantemente emocional; a razão manifesta-se mas apenas em defesa de interesses próprios. Temos pois que o homem é mais outra coisa que produz alterações e, na experiência, se transforma a si próprio. E assim até ao infinito.
13 de Maio