CRÓNICA DO BRASIL
Povo
Diz o bom e erudito Aurélio amigo, que «povo» é um conjunto de indivíduos que falam a mesma língua, têm costumes e hábitos idênticos, afinidade de interesses, uma história e tradição comuns.
Como estas circunstâncias não se coadunam com as gentes que habitam um território conhecido pelo nome de Brasil, os big lideres têm vindo, sistematicamente, a alienar partes do território, em favor de outros povos que, na realidade, em nada se identificam com a maioria dos habitantes deste Mundus Novus.
Começa logo pela premissa de que muitos, muitos, não falam a língua oficial, o português, logo, aos olhos dos supremos juristas da terra, começam por se desencaixar do povo brasileiro. Depois, no que diz respeito a hábitos idênticos, muito menos, e então sobre história e tradição comuns... nem se fala. Resta a afinidade de interesses, e aí é c'a porca troce a cauda!
Os interesses à volta da Reserva da Raposa do Sul são semelhantes aos que estão a aflorar agora depois de milénios congelados, no Ártico, onde se sabe que há petróleo, ouro, urânio, nióbio e de onde vão desaparecer os ursos, substituídos pelos grandes conglomerados exploradores de riquezas.
Tal qual a Raposa do Sul. Não tarda a chegada de "missionários", do tipo daqueles ingleses bonzinhos que foram missionar em África no século XIX e se apoderaram de mais de metade do continente.
No entanto há qualquer coisa que começa a identificar, unificando, os costumes e a tradição de elevada porcentagem da restante população chamada brasiliense, que são os moralmente elevados e altamente culturais programas de televiasão Big Brother Brasil, que, além de terem profundos objetivos educacionais - basta o nome em inglês para provocar uma corrida à cultura inglesa - leva os babacas a considerarem que neste país (país?) um dia serão todos brôderes! Mentira. As garotas e os garotos do BBB viram celebridades e o povo... vibra de entusiasmo e aprova o (des)governo.
Enquanto Obama, para levantar a economia e a hegemonia dos EUA, aposta firmemente em educação, investigação, saúde e obras de infra-estrutura, o nosso (des)governo, tal como previ, afirmei e foi publicado há seis anos, não fez ABSOLUTAMENTE nada nestes anos todos, guardando uma grossa fatia do orçamento para obras eleitoreiras em final de mandato, a inaugurar em ano de eleições!
Propõe agora construir um milhão de casas populares - ninguém sabe com que dinheiro - mas a reserva do orçamento para aumento do funcionalismo público é cinco vezes maior do que o valor, hipotético, destas necessárias casas.
Isto significa:
1.- enquanto não houver adequada instrução, da primária ao superior, o povo BBB vai aplaudir o demagogo kxk, o samba e o futebol porque de pouco ou nada mais entende;
2.- a maioria do «povo brasiliense» acaba se transformando em funcionário público e junto com os beneficiários das bolsas família, bolsas dos mensalões, bolsas dos correios, das eternas e imensas propinas, das bolsas-cuecas, da possibilidade de enriquecimento mais rápido que um pequeno relâmpago de trovoada, como aconteceu ao filho do big kxk, que foi de empregado primário num zoológico a grande fazendeiro latifundiário e exportador de carne para a Europa em menos de 24 horas - votará SEMPRE na continuação do status quo que o alimenta e de quem pouco ou nada se exige;
3.- com a imensa inflação da máquina governamental, com elementos escolhidos entre os apaniguados, controlando o país de norte a sul, favorecendo as sociedades poderosas, sobretudo os bancos, com os juros mais altos do mundo e ainda subsidiando movimentos terroristas capazes de enfrentar as Forças Armadas, se as houvesse bem estruturadas, é evidente que o Brasil não tem por onde enxergar e almejar subir para o patamar das nações desenvolvidas, apesar de ser considerado hoje o celeiro do mundo!
Dizem os árabes, desde há muitos anos, que a civilização ocidental está chegando ao fim, porque não possui mais aquele acervo de valores que lhe deu sua proeminência. (Sayyd Qutb, Cairo, 1964).
O Brasil não tem esse acervo. Podia ter um ainda mais rico, com a mistura de povos que o constitui. Mas não. Despreza-o, como despreza a sua história ensinando-a deturpada.
A esperança está, muito ténue, na diversidade de imigrantes que aqui procuraram refúgio, depois de terem vivido diversas formas de insegurança e/ou perseguição nos seus países de origem, desde a Inquisição, à fome na Europa no século XIX, às políticas, à esperança de um El Dorado, etc., e hoje o que querem é paz.
No tipo de governo actual, aliás (des)governo, a esperança até há pouco estava na emigração, que a crise mundial está a afectar.
Dentro, para progredir, evidente, na função pública, basta «matricular-se», não em qualquer escola, mas nos partidos que são os «senhores da terra»!
Ou então no futebol ou no BBB.
Viva a cultura.
Rio de Janeiro, 26 de Março de 2009