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A bem da Nação

UM NOVO MODELO ECONÓMICO-SOCIAL – 2

 

 
 
Assentemos, pois, que estamos em época de mudança de práticas muito discutíveis e mentalidades retorcidas. Talvez a mudança seja a última, a única arma de que disporemos (para além do voto) e, também a última oportunidade, para revertermos esta situação em que nos colocaram.
 
Talvez seja, também, a ultima e, neste caso, única oportunidade, para acordarmos e nos redimirmos como Povo. À luta, portanto! Mas, a luta a desenvolver não pode partir de princípios errados, de irrealismos e interesseirismos políticos ilegítimos, de politiqueirices partidárias e de sonhos que não passam disso mesmo, ou seja, nada é como era dantes e nada se pode resolver com métodos que já demonstraram a sua ineficácia.
 
Alerto os políticos para o facto de as grandes revoluções que estão na génese de guerras civis sangrentas têm um só leit motiv: as populações atingidas e sentidas com as injustiças de que são vítimas, cansam-se e reagem mal, a maior parte das vezes, sem cravos. Todos nós, em conjunto, podemos acertar numa sociedade melhor e com menos desigualdades, em que uns aceitem contribuir um pouco mais e prescindir de alguns privilégios (que podem vir a perder à força) e outros queiram contribuir com a sua mão de obra, num clima de respeito pela sua dignidade, em que se terá de pôr de lado a ideia de que só existem direitos e não há obrigação de cumprir deveres. Neste clima de entreajuda e compreensão mútua conseguiremos fugir do pântano do radicalismo. Concluamos, pois, com uma máxima lapalissiana: Todos nós somos necessários, todos nós precisamos dos outros, porém, os cemitérios estão povoados de imprescindíveis.
 
Em termos muito simplistas, as forças de produção que criam riqueza carecem do capital para comprar a matéria-prima que servirá de suporte à produção, (o Vladimir Illich não explicaria melhor); por sua vez, o capital não pode exigir mais do que o lucro razoável pelo seu investimento e, quando esse lucro não chega ao desejado pelo capital, encerra-se pura e simplesmente a empresa. Esta cultura do lucro sem limites terá de ser revista... nem que seja por decreto.
 
As entidades patronais têm de ser fiscalizadas. Por outro lado, o trabalho tem de aceitar ser fiscalizado em várias vertentes, designadamente, nas baixas por saúde, extirpando-se esta mania para a vigarice e comportamentos desviantes.
 
Comecemos, então, por atacar este problema do emprego, a exigir responsabilidade dos patrões e dos empregados. O Estado terá o papel que deveria ter tido sempre: autoridade supervisora.
 
A fiscalização do patronato começará pelo rigor da contabilidade empresarial. Todas as empresas teriam um fiscal tributário dedicado e esse fiscal teria de responsabilizar-se pela seriedade das contas de um determinado número de empresas e as empresas mudariam de fiscal num período determinado por Lei, que evitasse as oportunidades de compadrios ou favores. Os políticos já nos ensinaram o quão tentador é estar vários anos nas mesmas funções e nos mesmos lugares de decisão.
 
E sabem porque sugiro este acompanhamento permanente e vigilante? É muito simples, fui consultor de empresas e tive um cliente que chegou aos 500,000 € de dívidas à Segurança Social. Entrevistei várias pessoas do escritório e conclui que o homem sacava dinheiro da Tesouraria como queria e quando queria. Quando o tentavam travar exclamava em altos gritos que o dinheiro era dele. Numa das reuniões de consultoria para a gestão, disse-lhe que ele estava equivocado, porque a partir do momento em que criava uma empresa e punha dinheiro nesta, o dinheiro deixava de ser dele e passava a ser da empresa e os gastos nas empresas tinham leis para cumprir. Resultado, não gostou da minha análise e fui-me embora.
 
A prática é esta e a mentalidade também. Tem de ser mudada a prática e a mentalidade. O Patrão português não consegue libertar-se desta dura realidade (para ele) de que uma vez passadas ao plano da empresa, as coisas deixam de ser dele. Ele é, tão somente, o fiel depositário e responde, em juízo, por essa responsabilidade.
 
Portanto, Patrão, que no próximo futuro, ficasse fraudulentamente com o dinheiro que retém dos trabalhadores para entregar à Segurança Social e não o fizesse, com a convicção de que é dele e o pode gastar como entender (comprar Ferraris, p. e.), tinha, na hora, as consequências que a Lei lhe impusesse.
 
Há necessidade de criar um novo código de conduta empresarial, para controlar os excessos do patronato. Já estou a ver uns silvisticos olhos sindicais a brilharem no escuro... (temos andado todos às escuras)!, mas esqueçam opiniões seguidistas da minha parte, o meu papel não é representar quem quer que seja, o meu papel é dar, aqui, uma opinião séria e sincera como contributo para, no meio desta crise, emergirmos para uma sociedade melhor.
 
 (continua)
 
 Luís Santiago

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