IDENTIDADES E DIFERENÇAS
Guilherme d´Oliveira Martins, Portugal: Identidade e Diferença. Lisboa, Gradiva, 2007
9 – Fala-se muito de identidade, mas há sempre a tentação de valorizar o que é próprio, em vez de cultivar a ligação com o outro. ..Se a memória deve ser preservada, tem de o ser com sentido de equilíbrio, para que a amnésia e a indiferença não se tornem perigosos ingredientes da barbárie, o para ressentimento não ocupe o lugar do respeito e da humanidade…
Quando se fala de Portugal, verificamos amiúde que nós conhecemos mal, que tendemos a cariacaturar-nos por excesso ou por defeito, que nos iludimos quer sobre o mítico bem donde julgamos provir quer sobre o mal onde julgamos estar e que facilmente se confunde com uma fatalidade .
13 – [faz-se] uso de uma espécie de esquecimento de encomenda (não nós lembremos das coisas…mas)
Eduardo Lourenço, The Little Lusitanian House: Essays on Portuguese Culture. Providence, Gávea-Brown, 2003
29 – Portugal is…a kind of ongoing miracle, the expression of God´s will – is a constant not only in the country´s historic-political mythology, but also in its cultural mythology.
55 – What we played, brilliantly or painfully, was the role of reactor
59 – [Portugal´s] ancestral nationalism
67 – The critical function has practically ceased to exist in the country
87 – [Portugal] cannot bear to be looked at by those unmindful or unaware of
[its] imaginary life
53 – Não vemos mais longe do que…as nossas fronteiras, a nossa região, a nossa cidade, a nossa família colados a um falso presente sem passado (as narrativas míticas dos reis e dos Descobrimentos já não alimentam o nosso presente nem futuro)
25 – Não há debate político…com regras predeterminadas
26 – Os lugares, tempos…e pessoas formam um pequeno sistema estático que trabalha afanosamente para a sua manutenção
31 – Sintetizando os seus trabalhos [de Lourenço]…sobre a cultura portuguesa, considera que a dupla posição tradicional portuguesa sobre a Europa que tanto fez deste continente a salvação de Portugal quanto diaboliza o movimento científico, tecnológico, religioso, filosófico, económico e político que tornara a Europa a vanguarda do mundo entre os séculos XVI e XX, incorre no mesmo erro ´ortodoxo´.
33 – O delicioso paraíso do autocontentamento mais inexpugnável que se viu neste século, êmulo digno dos bons tempos de D. João V
34 – Um dogmatismo sem fendas, transfigurando na prática em suficiência e intolerância.
43 – O irrealismo prodigioso da imagem que os portugueses fazem de si mesmos.